Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar caiu frente ao real nesta quarta-feira, embora tenha encerrado o pregão longe das mínimas do dia, com garantias vagas do governo de que as despesas com o Auxílio Brasil respeitarão a regra do teto de gastos amenizando, pelo menos por ora, preocupações dos investidores com a saúde das contas públicas.

O dólar à vista caiu 0,59%, a 5,5624 reais na venda. Na mínima intradiária, a moeda norte-americana foi a 5,5209 reais, queda de 1,33%.

O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta quarta-feira o valor de 400 reais para o Auxílio Brasil, programa que vai substituir o Bolsa Família, e garantiu –sem dar detalhes– que vai respeitar o teto de gastos públicos.

Na mesma linha de Bolsonaro, o ministro da Cidadania, João Roma, afirmou nesta quarta-feira que o governo busca um benefício transitório que fique dentro das regras fiscais –sem, no entanto, dizer explicitamente que as despesas adicionais com benefícios sociais ficarão dentro do teto.

Segundo participantes do mercado, o noticiário esfriou temores sobre possível pagamento do novo programa de transferência de renda parcialmente fora do teto de gastos, que, na véspera, levaram o dólar a saltar 1,35% contra a divisa brasileira, a 5,5956 reais na venda, máxima para fechamento desde o dia 15 de abril deste ano (5,6276).

Apesar das promessas do governo e do alívio experimentado pelo real nesta quarta-feira, investidores seguem atentos a qualquer ameaça de desrespeito ao teto e às consequências que isso poderia representar para a credibilidade fiscal do país.

“Qualquer furo do teto de gastos em 2022 não está incorporado em nosso cenário e imporia imediatamente uma deterioração nas nossas previsões fiscais, com seus respectivos impactos secundários em outras variáveis”, alertaram estrategistas do Citi em relatório desta quarta-feira.

Após o fechamento do mercado à vista, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse, na contramão da fala de Bolsonaro, que o governo avalia se o benefício temporário que irá vitaminar o novo Bolsa Família será pago fora do teto –o que demandaria uma licença para um gasto de cerca de 30 bilhões de reais– ou se haverá opção por uma mudança na regra constitucional do teto de gastos para acomodá-lo.

Na esteira de seus comentários, o dólar futuro de maior liquidez, que é negociado além das 17h (de Brasília) devolveu boa parte das perdas registradas mais cedo, apresentando ligeira queda de 0,20%, a 5,587 reais na venda.

Esta quarta-feira contou, pelo sexto pregão consecutivo, com intervenção do Banco Central no mercado de câmbio. Pela manhã, a autarquia vendeu os lotes completos de contratos de swap cambial tradicional ofertados em dois leilões –um extraordinário e outro previsto em calendário–, despejando no mercado futuro o equivalente a 1,2 bilhão de dólares em dinheiro “novo”.