O dólar recuou, em geral, ante outras divisas fortes nesta quinta-feira, em meio à busca por segurança desencadeada por dúvidas sobre a assinatura de um acordo comercial de longo prazo entre Estados Unidos e China.

No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 107,99 ienes, o euro avançava a US$ 1,1152 e a libra tinha alta a US$ 1,2951. O índice DXY, que mede o dólar ante outras moedas principais, registrou baixa de 0,30%, a 97,352 pontos.

Pela manhã, a Bloomberg informou que autoridades chinesas têm dúvidas sobre a possibilidade de o país asiático fechar um acordo comercial de longo prazo com os Estados Unidos. O Ministério do Comércio da China, no entanto, afirmou que as negociações de alto escalão com os americanos serão retomadas na sexta-feira, por ligação telefônica.

A diretora-gerente de estratégias de câmbio do BK Asset Management, Kathy Lien, destaca que “a perspectiva otimista do presidente do Fed, Jerome Powell, para a economia e o mercado de trabalho não se traduziu em fortalecimento da moeda porque, embora seja improvável uma maior flexibilização monetária, o aperto também não está no horizonte”.

Além disso, o índice de atividade industrial de Chicago elaborado pelo Instituto para a Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), que caiu a 43,2 em outubro, também penalizou o dólar.

A alta da libra sobre o dólar nesta quinta-feira, último dia de outubro, contribuiu para que a moeda do Reino Unido apresentasse sua maior valorização mensal ante a divisa dos Estados Unidos desde maio de 2009, na esteira da crise financeira internacional.

O iene, por sua vez, já havia ampliado os ganhos ante o dólar durante a madrugada, após o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) anunciar que manterá sua taxa de juros de depósito inalterada em -0,1%. A busca por segurança contribuiu para o movimento, que apoiou também o franco suíço.

Com a busca por segurança, o dólar se fortaleceu ante moedas emergentes, subindo a 19,2508 pesos mexicanos e a 15,1208 rands sul-africanos. A exceção foi o peso argentino, que registrou alta ante o dólar, depois que o Banco Central da República Argentina (BCRA) decidiu alterar na quarta o limite inferior da taxa de juros das Letras de Liquidez (Leliq) para 63%. No fim da tarde em Nova York, o dólar recuava a 59,5901 pesos argentinos.

Para esta sexta, fica no radar a divulgação do relatório do mercado de trabalho (payroll) dos Estados Unidos em outubro. O BK Asset Management afirma, em relatório, que um resultado forte “terá impacto menor no dólar do que um relatório fraco, devido à incerteza em torno das relações comerciais Estados Unidos-China”.