O dólar registrou recuo ante o iene nesta sexta-feira, 9, pressionado por incertezas sobre o comércio internacional após o presidente americano Donald Trump intensificar incertezas sobre a próxima rodada de negociações entre Estados Unidos e China em setembro. Por outro lado, a moeda americana operou no maior nível contra a libra em mais de dois anos, após o recuo no Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido.

Próximo ao fechamento dos mercados em Nova York, o dólar caía a 105,62 ienes, enquanto o euro avançava para US$ 1,1206 e a libra tinha queda a US$ 1,2038. O índice DXY, que compara a moeda americana com uma cesta de seis divisas fortes, fechou em baixa de 0,13%, aos 97,491 pontos, acumulando perda de 0,59% na comparação semanal.

Na manhã desta sexta, Trump colocou em dúvida as negociações comerciais entre Washington e Pequim, dizendo que irá avaliar se a próxima rodada de diálogos agendada para setembro será mantida. “A China quer algo no comércio, mas ainda não estou pronto para fazer um acordo”, disse a repórteres na Casa Branca.

As declarações de Trump intensificaram o sentimento de cautela nos mercados e favoreceram moedas consideradas mais seguras, como o iene e o franco suíço. Para a diretora-executiva de câmbio do BK Asset Management, Kathy Lien, o dólar pode recuar abaixo da marca de 105 ienes, se indicadores como as vendas no varejo e o índice de preços ao consumidor nos EUA decepcionarem. “Na verdade, é completamente plausível que o dólar atinja 100 ienes até o fim do ano”, avalia Lien.

A libra, por outro lado, sofreu forte pressão nesta sexta-feira, após dados indicarem retração de 0,2% do PIB no segundo trimestre do ano. “A visão adiante é tão sombria quanto os números anteriores, com as chances de um Brexit sem acordo ganhando tração sob a liderança do primeiro-ministro Boris Johnson”, afirma o analista sênior de mercado da Western Union, Joe Manimbo.

Por sua vez, o euro teve leve alta ante o dólar, mas o mercado monitora a crise política na Itália, que pode enfraquecer a moeda europeia adiante. Após uma escalada de atritos internos da coalizão governamental ao longo da semana, o partido italiano Liga protocolou no Senado uma moção de desconfiança contra o próprio governo que compõe junto com o Movimento 5 Estrelas (M5S).

O Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) fixou o dólar novamente acima da marca psicológica de 7 yuans. Embora a orientação tenha sido relativamente em linha com a expectativa do mercado, alguns analistas ponderam sobre os riscos de mais tensão à frente no mercado cambial entre EUA e China. Para Chris Turner, do ING Group, há uma probabilidade de 25% de uma intervenção do governo americano sobre o dólar, com chances crescentes, mas ainda baixas “em grande parte pelo risco de falha” na operação.