Esta sexta-feira, 24, foi de cautela no mercado internacional, em meio à piora da tensão entre os Estados Unidos e a China, mas o movimento não impediu que o dólar caísse para o menor nível desde setembro de 2018 ante divisas fortes, o que reforçou a queda também perante divisas emergentes nos negócios da tarde, inclusive o real. Com isso, no mercado doméstico, o dólar acabou encerrando a semana em R$ 5,2060, acumulando queda de 3,2%, a maior baixa semanal desde os últimos cinco dias de maio. Em julho, a divisa dos EUA tem baixa de 4,2%.

O enfraquecimento do dólar no mercado internacional tem sido puxado principalmente pelo fortalecimento do euro. Indicadores da atividade na Europa estão vindo melhores que o esperado, como hoje os da indústria e serviços, enquanto nos EUA os números têm vindo mistos, além dos casos de coronavírus não pararem de crescer.

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Além disso, os europeus aprovaram esta semana um fundo de recuperação bilionário e já há bancos prevendo que a moeda pode ir agora testar o nível de 1,20 por dólar, enquanto as negociações de um pacto fiscal nos EUA não avançaram nesta semana. Hoje, o euro valia 1,16 por dólar, acumulando valorização de 3,4% no mês. “Não é inconcebível imaginar que o crescimento da União Europeia pode superar o dos EUA pela primeira vez em anos”, afirma o diretor de câmbio da gesta BK Asset Management, Boris Schlossberg, prevendo que o fortalecimento do euro vai prosseguir.

Apesar do dólar fraco hoje, o real teve um dia volátil, sobretudo após o IPCA-15 subir menos que o esperado em julho e reforçar a visão de corte de juros pelo Banco Central em agosto. “O fraco cenário para o crescimento econômico e a perspectiva benigna para a inflação não são inconsistentes com um corte adicional moderado na Selic na próxima reunião do Copom”, avalia o economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos. Ele prevê que a redução será de 0,25 ponto porcentual. Na máxima, o dólar à vista foi a R$ 5,25 logo após a divulgação do indicador, que subiu 0,30%.

A próxima semana tem agenda carregada, com eventos que prometem impacto direto no dólar. Um dos mais esperados é o possível anúncio de um novo pacote de estímulo fiscal americano. Benefícios aos desempregados expiram no próximo dia 31, por isso a expectativa. Além disso, há reunião de política monetária do Federal Reserve e ainda indicadores importantes dos EUA, como o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre. A zona do euro também divulga seu PIB trimestral. O banco americano Wells Fargo projeta queda trimestral anualizada de 36,5% para o PIB americano e redução de 10% para o europeu, mas neste caso em comparação ao trimestre anterior. No Brasil, o destaque são a divulgação de indicadores fiscais pelo BC e a taxa de desemprego.