O dólar não manteve direção única no confronto com moedas de economias desenvolvidas nesta quarta-feira, 21. Com investidores dando continuidade à volta do apetite por risco, a divisa americana perdeu terreno ante o euro e a libra, mas se fortaleceu em comparação com o iene japonês, que vinha acumulando ganhos como reserva de segurança no mercado cambial.

O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis pares, fechou em baixa de 0,24%, aos 92,754, pressionado pela força do euro e da libra, que subiam à US$ 1,1802 e US$ 1,3718, respectivamente, no fim da tarde em Nova York. O dólar, por sua vez, valorizava a US$ 110,29.

O DXY devolveu parte dos ganhos de sessões recentes, à medida que o apetite por risco “lentamente é filtrado para o mercado de câmbio”, diz o TD Securities, em relatório a clientes. Ontem, o dólar se fortaleceu apesar do tom geral otimista dos mercados.

A trajetória da dívida fiscal dos EUA está no radar dos investidores. Hoje, o Senado americano rejeitou o início formal do debate do pacote bipartidário de investimentos em infraestrutura, cuja primeira versão é orçada em 1,2 trilhão. Além disso, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse esperar que o Congresso aprove a suspensão ou aumento do teto da dívida pública em “tempo hábil”, para que o Departamento do Tesouro possa cumprir com os gastos já previstos.

Na Europa, a expectativa é de que o Banco Central Europeu (BCE) mantenha o atual nível de acomodação monetária após a reunião de amanhã, a primeira desde a última revisão estratégica da instituição, segundo estimam analistas consultados pelo Broadcast. Para o ING, uma postura “dovish” do BCE deve provocar o enfraquecimento do euro ante o dólar. “O viés mais dovish do BCE implicaria em uma redução das compras mensais em 2022, que será menor do que o esperado anteriormente, mantendo o euro ante o dólar em baixa – tanto amanhã como em 2022, quando a divergência monetária entre o BCE e o Federal Reserve deverá se materializar totalmente”, avalia o banco holandês.

Já a libra se recuperou parcialmente das fortes quedas recentes no confronto com a divisa americana. Segundo o Rabobank, a moeda britânica tenta se estabilizar após os temores envolvendo o recrudescimento da pandemia de covid-19 no Reino Unido. “Outra onda de notícias sugerindo que a União Europeia e o Reino Unido estão em desacordo em relação ao protocolo da Irlanda do Norte não ajuda no sentimento”, ressalta o banco, se referindo à nova rodada de negociações que ocorreu hoje entre o país e o bloco.

No confronto com moedas emergentes, o dólar registrou perdas de forma geral, diante do apetite por risco nos mercados. Ainda assim, a Capital Economics espera que a fraqueza de emergentes voltará a atuar como força majoritária no câmbio, puxada por maior cautela de investidores com sinalizações “hawkish” do Fed, alta nos juros dos Treasuries e a queda nos preços de commodities.