O dólar voltou a fechar acima de R$ 5,00 nesta sexta-feira, 12, após encerrar quatro pregões abaixo desse patamar. A sessão foi marcada pelo ajuste das cotações à forte piora do humor no mercado financeiro ontem, feriado no Brasil, e pela continuidade do fortalecimento da moeda americana hoje no exterior. Após subir 2,17% hoje, a maior alta porcentual desde 7 de maio, o dólar fechou a semana em R$ 5,0426, acumulando valorização de 1,04%, a primeira de ganhos depois de três semanas seguidas de baixas.

Bolsas de NY têm sessão volátil e fecham em alta após tombo, mas registram perdas

Bolsa fecha em baixa de 2,00%, a 92.795,27 pontos, e perde 1,95% na semana –

Taxas fecham de lado, em meio ao pessimismo no exterior e alívio político

O índice DXY, que mede o dólar ante divisas fortes, operou hoje nos níveis mais altos de junho e a moeda americana ainda subiu na maioria dos emergentes. Alertas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre as dúvidas e riscos da retomada da atividade, ecoando discurso do presidente Jerome Powell na tarde de quarta-feira, fizeram os investidores fugirem de ativos de risco.

O diretor de moedas em Nova York da gestora BK Asset Management, Boris Schlossberg, ressalta que além do alerta do Fed ter pego o mercado vindo de dias de muito otimismo, o que fez o movimento de ajuste ser mais forte, relatos de crescimento acelerado de casos de coronavírus em estados americanos como Flórida e Texas trouxeram preocupação adicional. O mercado estava subestimando este risco, ressalta ele.

Pela manhã, dados mostrando melhora da confiança do consumidor americano chegaram a dar um impulso positivo no mercado, mas que durou pouco. Para Schlossberg, o tom mais cauteloso hoje dos mercados sugere que permanece o temor para a atividade econômica de uma nova onda de casos de coronavírus.

No mercado doméstico, o dia foi tanto de agenda como de noticiário mais esvaziado. “Após uma quinta-feira ruidosa no exterior, os mercados domésticos realinharam os preços para cima hoje”, afirma economista e operador da Advanced Corretora de Câmbio, Alessandro Faganello. “As preocupações com uma segunda onda de infecções foram reacendidas.”

Para a próxima semana, as mesas de câmbio vão monitorar a reunião de política monetária do Banco Central, dias 16 e 17. É esperado um corte de 0,75 ponto porcentual na taxa básica, mas o interesse dos investidores é ver o que o BC pode sinalizar de próximos passos, o que, se ocorrer, deve ter impacto nas cotações do dólar.

“Ficou claro que Brasil conquistou capacidade de ter juros mais normal, mais comparado com o resto do mundo, e de maneira sustentada”, avalia o sócio da Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo, em live da corretora Nova Futura. “Uma queda de atividade deste tamanho quer dizer queda de juros também.” Para os juros seguirem baixos por mais tempo, Figueiredo argumentou que o Brasil vai ter que voltar a ter consolidação fiscal, mas os mercados não esperam isto este ano.