O dólar recuperou as forças nesta quarta-feira, 31, em relação a outras moedas principais, amparado na decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). No entanto, a volatilidade predominou todo o dia, à medida que investidores avaliaram o discurso sobre o Estado da União do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicadores da zona do euro e políticas do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês)

No fim da tarde em Nova York, o dólar subia para 109,14 ienes, enquanto o euro avançava para US$ 1,2416 e a libra saltava para US$ 1,4195.

Em sua decisão de política monetária, o Fed manteve as taxas de juros inalteradas na faixa entre 1,25% e 1,50%, como amplamente esperado pelo mercado. No comunicado, os dirigentes apontaram que a inflação deve voltar a subir neste ano e atingir a meta de 2% no médio prazo e afirmaram que o crescimento da economia americana continuará em base sólida. As perspectivas positivas para a inflação, associadas à constatação de que os avanços nos gastos das famílias, no emprego e nos investimentos das famílias estão sendo sólidos, abriu a porta para a valorização do dólar.

“A última reunião com Janet Yellen no comando do Fed resumiu o que foi seu mandato: a política continuará acomodatícia, mas houve sugestões de que será apertada gradualmente no futuro. A linguagem, ligeiramente mais ‘hawkish’ na declaração, é suficiente para confirmar as expectativas de uma elevação nos juros em março”, afirmou o economista sênior para EUA da Capital Economics, Michael Pearce. Para ele, o comunicado do Fed “adiciona peso” à visão da consultoria de que o banco central pode promover quatro altas nos juros neste ano, acima das projeções do Fed, que apontam para três subidas.

Na avaliação do economista-chefe para EUA da RBC Capital Markets, Tom Porcelli, o comunicado do Fed veio em linha com o esperado e mostra um nível “hawkish” nas decisões do banco central. Em nota a clientes, Porcelli lembra que, em meados do ano passado, o Fed começou a promover a ideia de que a inflação ficaria “um pouco abaixo” da meta de 2%, “mas essa sinalização foi abandonada para reconhecer que a inflação subirá neste ano. Na nossa visão, isso é uma realidade”. O economista também ressalta que a autoridade monetária enfatizou que “novos aumentos graduais” nas taxas serão necessários – o que pode indicar uma mudança no gráfico de pontos futuro que aponte para quatro altas de juros em 2018.

Antes da decisão de política monetária do Fed, esteve no radar o discurso sobre o Estado da União de Trump. O presidente não trouxe grandes novidades, mas estendeu a mão a democratas e republicanos para realizar um acordo bipartidário de imigração.

Durante o discurso de Trump no Congresso americano, os investidores também monitoraram as políticas do BoJ. O presidente do banco central, Haruhiko Kuroda, reafirmou que os movimentos dos preços no Japão ainda estão fracos, fazendo com que a inflação ainda esteja distante da meta de 2%. Além disso, o Banco do Japão ampliou o volume de compra de bônus do governo japonês (JGBs) com vencimento em três a cinco anos, passando a quantidade adquirida de 300 bilhões de ienes para 330 bilhões de ienes. O movimento desvalorizou os rendimentos dos JGBs e o iene.

Na zona do euro, o índice de preços ao consumidor mostrou desaceleração de 1,4% na comparação anual de dezembro para 1,3% em janeiro. No entanto, a inflação ao consumidor anual da França passou de 1,2% em dezembro para 1,4% em janeiro, acima das estimativas de 1,2%, o que foi visto, pela Pantheon Macroeconomics, como uma sinalização de que a inflação do bloco pode subir nos próximos meses.

Na Chicago Mercantile Exchange (CME), o contrato para fevereiro do bitcoin fechou em alta de 0,60%, a US$ 10.000,00.