Sem sinal certo nessa semana, o câmbio oscilou e testou o nível psicológico dos R$ 4, dia acima, dia abaixo. Após uma semana carregada de indicadores, entre eles as decisões de política monetária brasileira e americana, o Produto Interno Bruto (PIB) e os dados de emprego dos EUA, o dólar terminou com queda acumulada de 0,32% nos últimos cinco dias. Nesta sexta-feira, o bom humor global levou a um maior apetite a risco e a moeda terminou o dia cotada em R$ 3,9949, uma queda de 0,36%. A divisa brasileira não encerrava uma semana abaixo dos R$ 4 desde 9 de agosto.

Já no fim do pregão, o câmbio se afastou da mínima, quando tocou os R$ 3,97, e perdeu parte do fôlego após especulações sobre ofensivas contra o leilão da cessão onerosa, marcado para semana que vem. Há uma expectativa de entrada forte de recursos com o certame. Na máxima do dia, o dólar tocou os R$ 4,0092.

A cautela que abriu a semana – pré-indicadores importantes – evoluiu ao longo dos últimos dias para um ambiente de maior apetite ao risco, sobretudo após as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, na quarta-feira, de que a autoridade monetária está comprometida em estender a expansão da economia americana. Nesta sexta, os dados de emprego dos Estados Unidos bem acima do esperado renovaram os ânimos do investidor ao sustentar as apostas de manutenção das taxas dos Fed funds pelo menos até o primeiro trimestre do ano que vem.

Além disso, o arrefecimento de tensões externas nas últimas semanas ajudou a diminuir a cautela do investidor: “Globalmente há o arrefecimento de tensões comerciais e também uma leitura de que o Brexit, mesmo que nebuloso, ocorrerá com acordo. A diluição da cautela com esses dois assuntos permitiram arrefecimento dos ganhos que o dólar acumulou. A aprovação da reforma da Previdência se somou a esses ganhos externos e permitiu que essas posições mais cautelosas fossem desmontadas”, disse o operador da Hcommcor corretora, Cleber Alessie.

Com isso, o interesse por emergentes aumentou e o dólar apresentava, nesta tarde, queda ante a maior parte das moedas desses países. Mesmo frente a uma cesta de moedas fortes, medidas pelo índice DXY, o dólar perdeu fôlego e, às 17h, tinha queda de 0,17%.

Internamente, comanda as cotações desde a semana passada – pesando o dólar para baixo – a expectativa com o leilão da cessão onerosa, marcado para dia 6 de novembro. São esperados R$ 100 bilhões em investimentos, parte externos, o que causaria uma massiva entrada de dólares no país.

Esse deve ser o fator doméstico preponderante na próxima semana, além da expectativa com o pacote de reformas prometido pelo governo para endereçar os gastos públicos. “Na próxima semana teremos o leilão da cessão onerosa do pré-sal (quarta-feira) e o anúncio de medidas econômicas por Paulo Guedes, em que pese lermos notícias de que estas medidas deverão sofrer muitas alterações no Congresso”, apontou, em relatório o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior. Para ele, os leilões de petróleo podem ser um bom gatilho para que o dólar consiga se firmar abaixo dos R$ 3,98.

O economista e sócio da Journey Capital, Victor Candido, pondera que já no fim do pregão os investidores ajustaram expectativas com o leilão. Para ele, há possibilidade de que a Petrobras arremate parte dos campos de exploração, o que diminui a participação de estrangeiros na proporção esperada pelos investidores. Além disso, pesou no fim do dia especulações sobre ofensivas contra o leilão. Ele destaca que, por outro lado, há sinais de um fluxo de emergentes entrando no país, afora o certame da cessão onerosa. A posição dos investidores na B3 será melhor conhecida na segunda-feira.