Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar encerrou com leve valorização ante o real nesta quinta-feira, depois de oscilar entre ganhos e perdas, com o mercado local captando o viés ainda de força para a moeda norte-americana no exterior após novos dados de inflação nos Estados Unidos.

O dólar à vista fechou com valorização de 0,16%, para 5,3136 reais.

A moeda bateu a mínima do dia (5,2534 reais, queda de 0,98%) por volta de 11h, a partir de quando passou a ganhar fôlego até alcançar um pouco antes das 15h a máxima intradiária de 5,334 reais (+0,54%).

O câmbio no Brasil andou boa parte do dia em linha com o movimento de seus pares internacionais, mas no fim da tarde os mercados de moedas mostravam direções diversas, com alguns pares do real em queda, alta ou em torno da estabilidade.

Na pauta, o índice de preços ao produtor para a demanda final dos EUA teve no acumulado de 12 meses a maior alta desde que a série foi renovada em 2010, endossando avaliações de que a inflação está mostrando as caras.

Na véspera, dados de preços ao consumidor também nos EUA vieram muito mais fortes do que esperado e alimentaram temores de redução de estímulo pelo banco central norte-americano, o que provocou uma liquidação de ativos arriscados em todo o mundo.

Para Helena Veronese, economista-chefe na Azimut Brasil Wealth Management, embora o BC norte-americano ainda repita que não subirá as taxas de juros apesar das leituras mais altas de índices de preços, o cenário para o câmbio no Brasil parece agora um pouco mais delicado, sobretudo por causa de temas domésticos.

“O cenário político aqui tende a piorar por causa principalmente da CPI (da Covid)”, disse. “A gente sabe que se a CPI for a fundo ela pode trazer complicações um pouco maiores para o governo, e isso certamente impacta o câmbio.”

“Porém, tudo mais constante, a gente pode ver um dólar no patamar em que está agora ou eventualmente um pouquinho mais baixo, a depender do Copom”, afirmou Veronese, vendo um limite para a queda da cotação entre 5,15 reais e 5,20 reais.

Mas comparado a seus pares o real pode ter desempenho melhor nos próximos meses, avaliou Donato Guarino, estrategista de mercados emergentes do Citi, que se diz “construtivo” no câmbio e para quem a valorização recente da moeda brasileira já mostra que investidores estão notando o “momentum positivo” num contexto de Selic em elevação.

“Acho que os ativos brasileiros continuam atrativos no curto prazo, e o risco/retorno de comprá-los é positivo”, completou, destacando oportunidades na taxa de câmbio, na bolsa e em setores ligados a matérias-primas.

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