Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista oscilou entre ganhos e perdas ao longo da sessão e acabou fechando perto da estabilidade nesta quarta-feira, ainda abaixo de 5 reais e em uma nova mínima em pouco mais de um ano, com o mercado dando uma pausa na sequência de baixas acentuadas à espera de novos catalisadores.

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Investidores mantiveram as atenções no noticiário sobre a inflação nos Estados Unidos e seus potenciais efeitos sobre a política monetária norte-americana, um dia depois de o chair do banco central dos EUA, Jerome Powell, tranquilizar agentes financeiros ao reafirmar ausência de pressa para subir os juros.

Na quinta-feira, será divulgada a terceira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, e um dado acima do esperado pode voltar a deixar investidores nervosos acerca do momento de elevação de juros nos EUA.

O dólar spot teve variação negativa de 0,05%, a 4,9638 reais na venda –menor nível desde 10 de junho de 2020 (4,9398 reais).

A moeda vinha de duas quedas expressivas: de 1,12% na terça e de 0,96% na segunda-feira.

A cotação trocou de sinal várias vezes nesta quarta, oscilando de 4,9809 reais (+0,30%) e 4,9378 reais (-0,57%).

Lá fora, o índice do dólar tinha alta de 0,1% no fim da tarde, após oscilar entre ganho de 0,2% e perda de também 0,2%.

Desde a máxima do ano –de 5,7927 reais, alcançada em 9 de março–, o dólar acumula queda de 14,3%. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quarta que a moeda deverá cair “bem mais”.

Mas, rompido o suporte de 5 reais, alguns no mercado questionam se já não seria o momento de recompor posições compradas em dólar.

Para Vitor Péricles, estrategista-chefe da Laic Asset Management, o Banco Central está e vai continuar atrás da curva a respeito de inflação, enquanto nos EUA a narrativa deve mudar para se ajustar a um cenário de alta persistente dos preços.

Na quinta-feira, o Banco Central divulgará o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que pode avançar na discussão da autoridade monetária sobre as perspectivas para os preços e, consequentemente, para a política monetária.

“(O ano de) 2022 será um ano desafiador em termos políticos e de atividade, e a volatilidade da moeda, e dos fundamentos, deve aumentar”, disse o estrategista. “Levando tudo isso em consideração, também acho ainda que o exportador seguirá contratando pouco câmbio, a despeito de eventuais bons saldos comerciais.”

(Edição de Maria Pia Palermo)

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