Por Luana Maria Benedito

(Reuters) -O dólar fechou perto da estabilidade contra o real nesta sexta-feira, mas apresentou baixa no acumulado da semana, com a percepção de um cenário doméstico favorável para a moeda brasileira voltando a compensar temores sobre uma possível redução de estímulos nos Estados Unidos.

O dólar negociado no mercado interbancário fechou com uma oscilação negativa de 0,01%, a 5,1170 reais. Na B3, o principal contrato de dólar futuro tinha variação positiva de 0,02%, a 5,124 reais.

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Mais cedo, na mínima do dia, o dólar chegou a cair para 5,0754 reais na venda, antes de recuperar essas perdas em linha com uma piora no sentimento dos investidores internacionais.

A moeda norte-americana encerrou a semana em queda de 2,6% frente ao real.

Vários investidores têm apontado para a alta recente nos preços das commodities, bem como sinais de retomada da economia doméstica e a perspectiva de uma taxa Selic mais alta, como fator de impulso para o real frente ao dólar.

Marcos Weigt, head de tesouraria do Travelex Bank, explicou à Reuters que “os fundamentos continuam bons para a moeda brasileira: temos termos de troca positivos, o que gera fluxos de entrada no mercado local”.

Enquanto isso, disse ele, o Congresso Nacional está iniciando um período de recesso, após a aprovação do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2022, e só retorna no início de agosto.

“A gente pode ter período mais calmo na política com o recesso parlamentar”, disse ele.

Ainda assim, a notícia de que a LDO quase triplicou a previsão de recursos para financiamento eleitoral em 2022, de 2 bilhões de reais para 5,7 bilhões, gerou alguns ruídos nos mercados.

“Por se tratar de uma despesa primária sujeita ao teto, o fundo de financiamento de campanhas reduz a quantia de recursos disponíveis para outras políticas públicas –com certeza, de maior relevância”, escreveram analistas da Levante Investimentos. “O mercado deve continuar com tom negativo sobre o tema.”

Enquanto isso, no exterior, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes tinha leves ganhos nesta tarde, à medida que os investidores monitoravam as perspectivas para a política monetária dos EUA.

Embora o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, tenha prometido “apoio poderoso” para ajudar na recuperação econômica dos EUA repetidas vezes, definindo as pressões inflacionárias como transitórias, dados recentes apontam para preços cada vez mais altos na maior economia do mundo.

“Em circunstâncias normais, indicações das autoridades monetárias e econômicas de que a inflação está alta ou que alguma variável está fora de esquadro deveriam provocar uma retração nos fluxos de dinheiro para os ativos de risco, só que as circunstâncias não estão nem são normais”, comentaram os analistas da Levante.

“Há um excesso de dinheiro em circulação na economia global, e nada indica que o fluxo que encheu esse reservatório ao ponto de transbordar vai diminuir.”

Caso o banco central norte-americano decida adotar uma postura mais dura para conter a inflação, reduzindo seu estímulo e elevando os juros mais cedo do que o esperado, os mercados financeiros de países emergentes podem sofrer com o redirecionamento de recursos para os Estados Unidos.

(Por Luana Maria BeneditoEdição de Alexandre Caverni)

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