O dólar está volátil e caía ha pouco, ajustando-se à queda predominante no exterior em meio à liquidez reduzida e com os mercados em NY fechados pelo feriado hoje nos EUA. Mas os investidores locais seguem cautelosos e a moeda americana já subiu à máxima intradia, a R$ 5,1560 mais cedo, em meio a tentativas do presidente Jair Bolsonaro e do presidente da Câmara, Arthur Lira, de interferir na política de preços da Petrobrás.

Nos bastidores do governo, já se espera a troca da diretoria da estatal ainda nesta semana, com a renúncia do presidente, José Mauro Coelho. Fontes próximas à gestão da empresa dizem que Coelho pode renunciar ainda hoje.

Na sexta-feira, o dólar à vista subiu 2,35%, a R$ 5,1443, ampliando o ganho semanal a 3,12% e no mês a 8,24%, diante da expectativa de uma política monetária mais agressiva do Federal Reserve para domar a inflação americana e da escalada da ofensiva política contra o reajuste de combustíveis anunciado pela Petrobrás.

Os investidores aguardam também uma reunião de líderes na Câmara hoje à tarde para discutir a política de preços da estatal. A elevação nos valores dos combustíveis é vista como um dos principais obstáculos ao projeto de reeleição de Bolsonaro.

O chefe do executivo disse no sábado que conversou com Lira e com o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (Progressistas-PR) para abrir hoje uma CPI para investigar a Petrobras. Ainda de acordo com o prsidente, o governo vai resolver “o problema” da empresa.

Lira fez ameaças também ontem: se “a Petrobras decidir enfrentar o Brasil, ela que se prepare: “Não queremos confronto, não queremos intervenção. Queremos apenas respeito da Petrobras ao povo brasileiro. Se a Petrobras decidir enfrentar o Brasil, ela que se prepare: o Brasil vai enfrentar a Petrobras. E não é uma ameaça. É um encontro com a verdade”, postou no Twitter.

No radar da semana está ainda o IPCA-15 de junho (sexta) e a ata do Copom (amanhã) após o comitê ter elevado a Selic em 50 pontos-base, para 13,25%, e sinalizar novo aumento em agosto de igual ou menor magnitude. Economistas vão buscar sinalizações sobre o fim do ciclo de aperto. Os analistas também estarão atentos a explicações sobre a inclusão de expectativas para a inflação de 2024 no comunicado, já que o ano ainda não faz parte do horizonte relevante de política monetária.

De 38 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 28 (74%) esperam um aumento de 0,5 ponto porcentual dos juros em agosto, a 13,75%. Outras nove (24%) estimam alta de 0,25 ponto, enquanto uma casa prevê manutenção da taxa Selic em 13,25%.

No exterior, sem a referência dos mercados americanos, a maioria das bolsas na Ásia fechou em baixa e na Europa predomina alta entre os índices de ações. A inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da Alemanha saltou 33,6% em maio, maior alta da série histórica, e o BC chinês manteve intactas suas taxas de juros de referência para empréstimos de um ano (+3,70%) e cinco anos (+4,45%).

O petróleo exibe altas moderadas e o minério de ferro com teor de 62% negociado em Qingdao, na China, fechou em queda expressiva de 8,18% nesta segunda-feira, 20, cotado a US$ 111,69 a tonelada, de acordo com a Fastmarket. É o menor fechamento desde 15 de dezembro de 2021, quando encerrou a US$ 111 a tonelada. No mercado futuro na bolsa de Dalian, o contrato para setembro da commodity tombou 10,98%, cotado a 746 yuans por tonelada, segundo um operador. Lá, o minério chegou a bater o circuit breaker duas vezes ao longo dos negócios hoje.

“Os preços e a demanda de aço têm caído muito, em todos os subsetores e principalmente na construção civil. Com isso, as siderúrgicas estão operando em margens negativas”, afirma Gilberto Cardoso, CEO da Tarraco Commodities Solutions e contribuidor da plataforma OhmReasearch.

Às 9h44, o dólar à vista estava praticamente estável, com viés de baixa de 0,03%, a R$ 5,1430. O dólar futuro para julho recuava 0,24%, a R$ 5,1615. O índice DXY do dólar ante seis divisas fortes caía 0,27%, a 104,416 pontos.

(Colaborou Victoria Netto)