Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou em queda nesta quinta-feira, seguindo o movimento de venda da moeda norte-americana no mundo e devolvendo boa parte dos ganhos da véspera, com operadores locais acompanhando ainda o noticiário sobre a agenda de reformas.

O dólar à vista caiu 0,77%, a 5,2757 reais. A cotação oscilou em queda durante todo o tempo de negócios, variando de 5,3096 reais (-0,13%) a 5,2706 reais (-0,87%).

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Na quarta-feira, a divisa havia subido 1,17%, a 5,3167 reais na venda.

No exterior, o índice do dólar recuava 0,5%, apagando todos os ganhos da véspera e voltando a rondar mínimas desde fevereiro.

Os mercados de forma geral devolveram eventuais excessos da véspera, quando o dólar saltou e ativos de risco perderam terreno após o banco central dos Estados Unidos (Fed) fazer as primeiras referências a futuras discussões sobre redução de estímulos.

Ainda no fim da sessão passada, os mercados esboçaram alguma reação, movimento que se intensificou nesta quinta-feira. O entendimento é que qualquer mudança no programa de compra de ativos do Fed –o chamado afrouxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês)– será muito gradual e pode não ocorrer em 2021.

E analistas do banco de investimento canadense TD Securities lembram que, ainda que haja corte de estímulos, outros bancos centrais já iniciaram esse processo, o que deve amenizar eventual fortalecimento do dólar.

O Banco Central brasileiro, por exemplo, já elevou a taxa de juros de 2% para 3,75% de março para cá, com apostas consensuais de que a Selic terminará o ano em 5,50%.

Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, avalia que a maior parte do movimento de preço da taxa de câmbio no Brasil ainda é explicada por eventos externos, mas pondera que a continuação dos ganhos recentes do real segue dependente da evolução da pandemia no Brasil.

“A Covid bate muito na perspectiva para o fiscal, então uma nova onda da pandemia elevaria as preocupações com as contas públicas e geraria receio no mercado”, disse, acrescentando que isso afeta diretamente o progresso na agenda reformista.

A Câmara dos Deputados aprovou na noite de quarta-feira a medida provisória de privatização da Eletrobras, encaminhando o texto para votação no Senado, em uma vitória do governo no processo de desestatização que poderá levantar bilhões de reais para a União.

No Twitter, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse ter recebido nesta quinta o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, para discussão do cronograma da reforma tributária, a qual classificou como “a mais complexa de todas”.

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