O dólar opera com viés de baixa e conduz os ajustes dos juros futuros em meio à continuidade do apetite por ativos de risco no exterior e a agenda interna fraca nesta segunda-feira, 19.

Investidores reduzem posições cambiais induzidos pela previsão de que negociadores dos Estados Unidos e da China possam conversar nesta semana ou em 10 dias. Precificam ainda o anúncio de ação pelo governo chinês para estimular o crescimento econômico do país e também uma sinalização da Alemanha de que poderá adotar medidas de estímulo.

No Brasil, na quarta-feira (21), o Banco Central começa sua nova estratégia de atuação no câmbio, após o dólar ter sua quinta semana consecutiva de valorização, chegando a R$ 4,0031 na última sexta-feira.

Depois de dez anos sem fazer venda direta no mercado à vista, o Banco Central brasileiro venderá dólares das reservas, swap cambial reverso (compra de dólar no mercado futuro) e swap cambial (venda de dólar no mercado futuro). Essas operações terão oferta diária de US$ 550 milhões no mercado à vista, em um total de cerca de US$ 3,8 bilhões no período. O objetivo é a rolagem dos vencimentos de swap cambial de 1º de outubro. Em agosto, a moeda americana acumula ganhos de 5,20%, mas em 2019 computa queda de 3,30%.

Além disso, o IPCA-15 de agosto será divulgado na quinta-feira e pode realimentar apostas em corte de juros pelo Copom em setembro. Mais cedo hoje, foi divulgada uma queda de 0,68% do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) na segunda prévia de agosto, após ter subido 0,53% na segunda prévia de julho.

No exterior, os índices futuros das bolsas de Nova York ampliam ganhos da sessão anterior, após o Secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, confirmar hoje que a Casa Branca estenderá por 90 dias a licença da gigante de telecomunicações chinesa Huawei para atender empresas americanas. As atas do Fed e do BCE também são esperadas.

No fim de semana, a China anunciou uma reforma de juros com o objetivo de reduzir os custos de financiamento de empresas e o ministro de Finanças alemão sugeriu que Berlim poderá fazer gastos extras. O presidente dos EUA, Donald Trump, disse ontem não prever que a economia americana entrará em recessão, apesar de a principal curva de juros dos Treasuries ter se invertido temporariamente na semana passada. Trump reiterou que ainda não está pronto para assinar um acordo com o gigante asiático.

Na sexta-feira (23) está previsto ainda um discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Jerome Powell, durante o simpósio anual da instituição em Jackson Hole (EUA), que acontece de quinta-feira a sábado.

Às 9h45, o dólar à vista recuava 0,21%, aos R$ 3,9947. O dólar futuro para setembro caía 0,31%, aos R$ 3,9985.

Mais cedo, o Relatório de Mercado Focus trouxe estimativa de queda para o IPCA de 2019, que passou de 3,76% para 3,71%. Para 2020, a mediana das projeções para o índice de inflação ficou inalterada (3,90%). Quanto ao crescimento do PIB, a Focus revelou uma alta das projeções em 2019 (de 0,81% para 0,83%) e também para 2020 (de 2,10% para 2,20%). O aumento deve-se aos novos cálculos sobre o crescimento doméstico motivados pela confirmação da liberação do FGTS.