O dólar opera em baixa nesta sexta-feira, ajustando-se à queda dos rendimentos dos Treasuries, que aliviam temores de que as pressões inflacionárias possam levar grandes bancos centrais a reverter, antes do previsto, as agressivas medidas de estímulos que adotaram em reação à pandemia de covid-19. Mas, pouco antes das 9h30, a moeda americana reduziu as perdas, em meio a desconforto com o cenário grave da pandemia no Brasil, pressão para abertura da CPI da Saúde após a morte ontem do terceiro senador pela doença e cautela fiscal – com a possibilidade de um novo refis que pode piorar as perspectivas para as contas públicas.

Para a queda, ajuda ainda a possibilidade de a Selic subir de novo 75 pontos-base em maio, conforme sinalização do comunicado do Copom.

O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), articula um movimento pela volta do Refis (programa de parcelamento de débitos tributários) para empresas e de uma nova rodada de repatriação de recursos de contribuintes que estão no exterior e não foram declarados à Receita sob o argumento de reforçar os cofres do governo. Se a proposta avançar, será a terceira rodada de Refis. Ele já avisou o ministro da Economia, Paulo Guedes, que não vai esperar a reforma tributária, como queria a equipe econômica, já que a reforma não avançará rápido, e quer agilizar a tramitação de suas propostas nos próximos 30 dias.

O Banco Central programou dois leilões cambiais de rolagem para hoje. Um de linha de até US$ 2,150 bilhões (10h15) relativo a vencimentos de abril, e outro de até US$ 800 milhões em swap referente a maio (11h30). Mas, essas operações não costumam mexer na formação de preço do dólar e apenas evitam aumento de demanda na sessão.

No exterior, os índices futuros de Nova York sobem com a queda dos juros dos Treasuries e a recuperação do petróleo, enquanto o dólar opera com viés de alta frente divisas principais, mas predomina queda ante divisas emergentes e ligadas a commodities.

Às 9h32 desta sexta, o dólar à vista recuava 0,50, a R$ 5,5414. O dólar para abril caía 0,35%, a R$ 5,5440.