O dólar renova mínima a R$ 5,5186 no mercado à vista, há pouco. O economista-chefe José Francisco de Lima Gonçalves, do Banco Fator, afirma que o mercado local devolveu a alta inicial, alinhada ao exterior, à medida em que foi digerindo as notícias sobre o orçamento federal. “Se olhar bem, o real se recuperando, enquanto boa parte das moedas emergentes pares estão perdendo para o dólar, significa que pesa mais a perspectiva de um desfecho para o imbróglio do orçamento até esta quinta-feira, com Bolsonaro (Jair Bolsonaro, presidente da República) sancionando o Orçamento com veto parcial”, avalia Gonçalves.

Porém, ele observa que o acordo entre governo e Congresso em torno de um projeto de lei que pode elevar a mais de R$ 125 bilhões as despesas com o combate à pandemia e outras finalidades, o que é solução jurídica, mas para o mercado não é uma saída boa, porque o teto de gastos pode ser desrespeitado. Por isso, sua percepção é de que o dólar tende a subir ante o real, porque o Brasil volta a se comparar a pares emergentes com piores situações fiscais e falta de clareza sobre a economia, como Argentina, Turquia e África do Sul.

Justamente são as moedas desses países que perdiam há pouco para o dólar entre as divisas emergentes.

Gonçalves acrescenta que, apesar do acordo com o Congresso, a situação do presidente não refresca totalmente, porque Bolsonaro segue pressionado pelos interesses do bloco político do Centrão, a CPI da covid-19 e a elegibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.