O dólar ganhou terreno em relação ao euro, à libra e a moedas emergentes, com o recrudescimento da busca por ativos vistos como seguros à luz do embate tarifário entre os Estados Unidos e a China e, também, em virtude de sinalizações por dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) de que o programa de compra de ativos, conhecido como afrouxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês), pode voltar a ganhar força diante de uma economia em desaceleração na Europa. No entanto, a aversão ao risco fez com que divisa americana recuasse ante o iene, considerado ainda mais seguro por operadores.

Perto do horário de fechamento em Nova York, o dólar cedia de 110,60 ienes na tarde de ontem para 110,02 ienes. Já o euro baixava de 1,1618 ontem para 1,1580, enquanto a libra descia de US$ 1,3239 para US$ 1,3176.

O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de seis moedas fortes, fechou em alta de 0,30%, aos 95,085 pontos, no maior nível desde 17 de julho de 2017.

Desde as primeiras horas de segunda-feira, investidores digerem a escalada na disputa comercial entre Washington e Pequim, que passou recentemente do anúncio de que cada parte tarifaria US$ bilhões em produtos da outra para uma nova ameaça dos americanos de que as barreiras podem alcançar um total de US$ 400 bilhões em mercadorias chinesas. A retomada da aversão ao risco advinda de turbulências comerciais levou investidores hoje a ativos considerados seguros, como o dólar e o iene.

A trajetória ascendente da moeda americana em relação a rivais contou ainda com a pressão exercida sobre o euro por pronunciamentos de diversos dirigentes do BCE com sinais de que estão prontos para dar novo gás ao QE.

O presidente da autoridade monetária, Mario Draghi, declarou em conferência em Portugal que o fim das compras de ativos em dezembro “está sujeito à confirmação por indicadores futuros”. E acrescentou que o programa “pode sempre ser usado no caso de que se materializem contingências que não prevemos atualmente”.

Já o presidente do Banco Central da Bélgica, Jan Smets, reconheceu em entrevista à CNBC que preocupações com uma guerra comercial sino-americana “são, claramente, um risco de queda para os mercados”.

Enquanto isso, o presidente do BC da Finlândia, Erkki Liikanen, afirmou que a política monetária na zona do euro continuará acomodatícia. À sua voz se somou a do presidente do Banco Central da Irlanda, Philip Lane, que disse que uma estratégia monetária acomodatícia permanecerá em vigor na zona do euro com a finalidade de apoiar a trajetória em curso da inflação em direção à meta do BCE, de quase 2%.