O dólar avançou ante rivais nesta quarta-feira com a divulgação de conversa entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, à medida que os investidores creem que um impedimento do americano é pouco provável diante do que já veio a público. A transcrição, que foi tornada pública, devolveu o apetite por risco aos mercados internacionais, fortalecendo o dólar ante o iene. A moeda americana ganhou força, também, diante da fraqueza do euro e da libra esterlina.

No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 107,76 ienes, enquanto o euro caía a US$ 1,0946 e a libra recuava a US$ 1,2357. O índice DXY, que mede a variação do dólar ante uma cesta de outras seis rivais, teve alta de 0,71% a 99,037 pontos.

O anúncio da transcrição da conversa entre Trump e Zelensky ofereceu certo apetite por risco para os investidores, que antes disso especulavam sobre o que poderia ter sido tratado pelos líderes, apoiando o dólar em relação à moeda japonesa.

“Os investidores aplaudiram a notícia porque sentiram que, embora a transcrição mostre Trump pedindo à Ucrânia para investigar (o ex-vice-presidente americano e pré-candidato à Casa Branca em 2020) Joe Biden, não havia menção a algo que levaria a uma investigação criminal”, defende o BK Asset Management, em nota enviada a clientes.

A possibilidade de um acordo comercial com a China também entrou no radar dos investidores e ajudou a aliviar a impulsionar o dólar. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que uma parceria com o país asiático poderá ser anunciada “antes do que se pensa”.

Ajudaram no fortalecimento do índice DXY as fraquezas do euro e da libra. O euro encerrou o dia abaixo de US$ 1,0950 pela primeira vez desde maio de 2017. O BK Asset Management atribui a queda da moeda única à fraqueza contínua da economia da zona do euro e à alta generalizada do dólar, “embora nenhum relatório econômico específico tenha sido divulgado”.

No entanto, operadores citaram no Twitter como um dos fatores para o enfraquecimento do euro o anúncio da saída de Sabine Lautenschläger do conselho do Banco Central Europeu (BCE) em 31 de outubro. A jurista alemã faz parte da ala ‘hawkish’ (contrária a estímulos monetários) do órgão, e a demissão dela é interpretada pelo mercado como uma vitória do grupo ‘dovish’ (favorável a estímulos).

Já a libra operou em queda am relação ao dólar com a retomada dos trabalhos do Parlamento britânico, após a Suprema Corte do Reino Unido considerar ilegal a sua suspensão, que havia sido pedida pelo primeiro-ministro conservador Boris Johnson e autorizada pela rainha. “Um Brexit sem acordo poderia fazer com que a libra caísse 10% ou mais, enquanto o cancelamento total do Brexit poderia fazer com que a libra subisse 10%”, aposta o Western Union, em relatório divulgado a clientes.

A queda do petróleo nesta quarta-feira deu espaço para que o dólar também avançasse em relação a moedas ligadas à produção da commodity energética, como o rublo e o dólar canadense. Perto do fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 1,3260 dólar canadense e a 64,189 rublos.