O dólar se fortaleceu em relação a outras moedas principais nesta quarta-feira, 4, diante da possibilidade de um acordo ser firmado entre Estados Unidos e México ainda nesta semana, o que impediria a aplicação de tarifas sobre produtos mexicanos. Além disso, o euro se viu enfraquecido após a decisão da Comissão Europeia de recomendar a abertura de um procedimento de déficit excessivo contra a Itália.

Próximo ao horário de fechamento dos negócios à vista nas bolsas em Nova York, o dólar subia para 108,38 ienes, ao mesmo tempo em que o euro recuava para US$ 1,1228 e a libra cedia para US$ 1,2694. Nesse cenário, o índice DXY, que mede a divisa americana contra uma cesta de outras seis moedas fortes, encerrou o dia em alta de 0,26%, com 97,320 pontos.

Com a aplicação de tarifas americanas sobre produtos mexicanos batendo à porta, os agentes do mercado se atentaram à possibilidade de um acordo entre os EUA e o México, que, de acordo com o senador republicano Chuck Grassley (Iowa), poderia ser alcançado na noite desta quinta-feira. O congressista disse, ainda, que não espera que as tarifas sejam aplicadas a produtos mexicanos. “Até os senadores republicanos têm limites e as tarifas sobre o México cruzariam essa linha”, apontou o economista-chefe da Pantheon Macroeconomics, Ian Shepherdson. Ontem, até mesmo o líder republicano no Senado, Mitch McConnell (Kentucky), se mostrou contrário às barreiras contra bens mexicanos.

Os comentários de Grassley, porém, não foram os únicos que deram fôlego à cotação do dólar. Em relação ao euro, a moeda americana se viu favorecida após a questão fiscal italiana pesar na cotação da divisa única. Pela manhã, a Comissão Europeia abriu um procedimento de déficit excessivo com base no endividamento da Itália, o que, para economistas do Morgan Stanley, pode gerar multa e dificultar a relação da terceira maior economia da zona do euro com o bloco.

No campo macroeconômico dos EUA, os investidores observaram o Livro Bege, sumário das condições econômicas em cada uma das distritais do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que, entre abril e meados de maio, observou que a atividade teve expansão modesta, de forma geral, enquanto os preços continuaram subindo em ritmo modesto e o emprego apresentou crescimento modesto ou moderado em quase todos os distritos. Para o economista-chefe do Jefferies, Ward McCarthy, “não há nada que sugira qualquer sensação de preocupação ou urgência sobre as condições econômicas”.

O presidente da distrital de Dallas do Fed, Robert Kaplan, disse ser muito cedo para que uma decisão seja tomada pelo banco central quanto a cortes nas taxas de juros este ano. Para ele, os juros estão se aproximando do nível neutro e uma redução neste momento tenderia a estimular a economia. Mesmo com os comentários de Kaplan, os contratos des Fed funds, monitorados pelo CME Group, continuaram a indicar altas chances de cortes nos juros. No fim da tarde, a possibilidade de ao menos uma redução estava em 98,4%.