O dólar apresentou ganhos em relação a outras moedas fortes e emergentes nesta quarta-feira, 13, e deu continuidade ao rali verificado nos últimos dias. O avanço da moeda americana alçou o índice DXY, que mede o dólar contra uma cesta de outras seis divisas principais, à casa dos 97 pontos, diante dos riscos de recessão na zona do euro enquanto a economia dos Estados Unidos se mantém saudável. Dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pouco falaram sobre o cenário para a política monetária, mas houve um consenso quanto ao status da economia, classificado, em geral, como positivo.

Próximo ao horário de fechamento das bolsas em Nova York, o dólar subia para 111,01 ienes; o euro recuava para US$ 1,1266 e a libra cedia para US$ 1,2850. O índice DXY, por sua vez, fechou em alta de 0,44%, com 97,129 pontos, próximo das máximas do dia. Entre as emergentes, o dólar avançava para 14,0728 rands sul-africanos, 19,4486 pesos mexicanos e 66,561 rublos russos.

Os dirigentes do Fed mostraram um nível consensual de acordo. Não em relação às taxas de juros, mas sim quanto à economia dos EUA. Na terça-feira, o presidente do Fed, Jerome Powell, e as presidentes regionais Esther George (Kansas City) e Loretta Mester (Cleveland) classificaram como “boa” a economia americana. Hoje, Mester voltou a destacar que a economia está em um ponto “muito bom” e que essa performance deve ser mantida ao longo do ano. Além dela, Raphael Bostic (Atlanta) disse esperar um crescimento de 2,5% em 2019, enquanto Patrick Harker (Filadélfia) comentou que a expansão deve ser de mais de 2% este ano, como reflexo do bom momento no país.

Quanto a futuras elevações nos juros, tanto Bostic quanto Harker disseram apoiar um aumento nos juros este ano, enquanto o dirigente da Filadélfia argumentou a favor de outra alta em 2020. “A postura do Fed mudou acentuadamente nos últimos meses ao falar sobre a chance de levar as taxas de juros para o território restritivo em setembro e eliminando o viés de futuros aumentos em janeiro. Esperamos que a valorização recente do dólar seja de curta duração, a menos que os atuais temores de recessão se intensifiquem. Não achamos, contudo, que esse resultado seja provável”, comentaram estrategistas de câmbio do Goldman Sachs em nota a clientes.

Apesar da economia dos EUA em boa forma, como indicou o Fed, a zona do euro suscita preocupações. Pela manhã, a Eurostat informou que a produção industrial da região apresentou queda de 0,9% na passagem de novembro para dezembro, enquanto as projeções de analistas esperavam recuo mais suave, de 0,3%. Na comparação com dezembro de 2017, a queda do indicador foi de 4,2%. “Embora não seja o nosso caso base, a probabilidade de uma recessão na zona do euro aumentou. As repercussões da fraqueza na demanda externa até a economia doméstica são cada vez mais evidentes, com persistente incerteza prejudicando a confiança”, afirmou o economista-chefe para Europa da IHS Markit, Ken Wattret.

Em solo americano, contudo, a economia continua a mostrar aceleração. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 1,6% na comparação anual de janeiro, enquanto o núcleo avançou 2,2%. Os dois números superaram a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, que indicava o CPI a 1,5% e o núcleo a 2,1%. Estrategistas de câmbio do HSBC não esperam uma mudança iminente na postura do Fed, mas escreveram, em nota a clientes, que “o mercado já está precificado” para um possível fim do ciclo de aperto do banco central “ainda mais se tivermos em mente os dados econômicos saudáveis dos EUA e as condições de mercado menos agudas”, o que favorece um fortalecimento do dólar.