O dólar operou em alta ante moedas rivais nesta terça-feira, 13, reagindo ao avanço robusto do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em junho nos Estados Unidos. O impulso inflacionário eleva as apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) comece em breve a normalizar a sua política monetária, e antecipa as expectativas de alta de juros na principal economia mundial.

O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis pares, fechou em alta de 0,53%, aos 92,752 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro tinha queda a US$ 1,1782, a libra cedia a US$ 1,3815 e o dólar subia a 110,59 ienes.

A força da divisa americana é justificada pela leitura de que a alta acima do esperado do CPI americano no mês passado pressiona ainda mais o Fed a iniciar a retirada gradual dos estímulos monetários adotados durante a crise do coronavírus, segundo explica a Capital Economics, em relatório enviado a clientes.

A inflação ao consumidor americano em junho subiu 0,9% na comparação mensal, com o núcleo do CPI, que exclui os setores de energia e alimentação, repetindo a alta em igual período. Já a variação positiva anual foi de 5,4%, maior resultado desde 1991, e de 4,5% no núcleo.

Agora, a aposta majoritária do mercado é de que o Fed realize ao menos uma elevação de juros no fim de 2022, segundo mostram os contratos futuros dos Fed funds monitorados pelo CME Group. Há também expectativa pelo “tapering” da entidade, como é chamado o processo de redução gradual das compras de ativos, que pode começar já no fim deste ano, segundo sugeriu a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, em entrevista à CNBC.

O analista sênior de mercados Jonas Goltermann, da Capital Economics, diz que o dólar deve seguir se fortalecendo no decorrer do segundo semestre de 2021. Além das pressões inflacionárias, a contínua divergência da recuperação econômica dos EUA com as de outras economias desenvolvidas também será um “fator chave” para a moeda americana.

O analista aponta ainda para a desaceleração da economia chinesa, o que deve pesar sobre os preços de commodities e representa “riscos negativos significativos para as moedas de economias que dependem das exportações” de commodities.

Entre moedas emergentes, o rand teve um dos piores desempenhos do dia ante o dólar, pressionado pela crise política na África do Sul. A moeda americana também se valorizou na comparação com o peso argentino, após entidades regulatórias da Argentina aplicarem medidas que, na prática, limitam a compra de dólar. No horário citado, o dólar subia a 14,7566 rands e a 96,1585 pesos. No mercado paralelo, no entanto, o chamado dólar blue era negociado a 171 pesos argentinos, de 177 pesos na sessão passada, de acordo com levantamento do jornal La Nación.