O dólar voltou a ganhar terreno ante o euro na sessão desta quinta-feira, 26, após o Banco Central Europeu (BCE) manter intacta sua política monetária e o discurso do presidente instituição, Mario Draghi, transparecer que a economia da zona do euro está em desaceleração e mantendo a inflação longe da meta de uma taxa próxima a 2%.

Próximo ao horário de fechamento das bolsas em Nova York, o dólar operava estável a 109,34 ienes, o euro recuava para US$ 1,2107 e a libra cedia para US$ 1,3920. Já o índice DXY, que mede a moeda americana contra uma cesta de outras seis divisas principais, fechou em alta de 0,43%, aos 91,561 pontos.

Pouco após o BCE anunciar que a principal taxa de juros, a de refinanciamento, continua a 0%, Draghi ponderou que será necessário esperar os próximos dados econômicos para constatar se a fraqueza na zona do euro é temporária ou veio para ficar.

Apesar disso, a reação imediata do euro às primeiras palavras do presidente da instituição à imprensa foi a de tocar máximas ante o dólar. Isso porque a autoridade monetária abriu a coletiva de imprensa atribuindo um enfraquecimento na atividade no início deste ano a fatores temporários.

A moderação do tom de Draghi tirou o fôlego do euro e o jogou às mínimas, chegando a tocar a marca de US$ 1,2094. Questionado sobre a volatilidade da moeda única e seu atual patamar em relação ao dólar, o italiano disse que a questão não foi discutida na reunião de hoje.

Além disso, o dólar foi novamente amparado por indicadores que reforçam a expectativa por uma aceleração da inflação nos EUA. No principal deles, o Departamento do Trabalho americano apontou que o número de pedidos de auxílio-desemprego recuou 24 mil na semana até o dia 21, para o patamar sazonalmente ajustado de 209 mil. É o resultado mais baixo desde 6 de dezembro de 1969.

Entre as moedas emergentes, o dólar caiu de 18,8239 pesos mexicanos para 18,7946 pesos mexicanos. Já o peso argentino apresentou queda acentuada: o dólar passou de 20,2630 para 20,5310 pesos argentinos no fim desta tarde.

O recuo da moeda da Argentina vem mesmo após o banco central do país fazer a maior intervenção diária da história no mercado de câmbio ao vender US$ 1,471 bilhão para interromper a desvalorização da divisa. Em nota a clientes, o BNP Paribas afirmou que o peso argentino é pressionado pelo déficit em conta corrente e por uma abordagem da questão fiscal “insustentáveis”, a baixa credibilidade do banco central e a piora nas condições financeiras externas em Buenos Aires.

Na opinião do banco francês, contudo, a Argentina “está em uma armadilha”, com duas alternativas possíveis: “um anúncio unilateral de mais ajuste fiscal e/ou uma desvalorização considerável do peso”. Para os analistas do BNP Paribas, qualquer ajuste da taxa de juros piorará a frente fiscal e será modesto em termos de ancorar as expectativas de inflação e depreciação cambial.