O dólar continuou a avançar de forma generalizada nesta terça-feira, 4, em meio a movimentos de aversão a risco diante das incertezas em relação ao comércio global e ao medo de contágio com a crise cambial em economias emergentes.

No fim da tarde de Nova York, o dólar avançava para 111,48 ienes (+0,34%), enquanto o euro caía para US$ 1,1581 (-0,32%) e a libra se contraía a US$ 1,2850 (-0,17%). Quanto à moeda argentina, o dólar avançava de 38,6107 pesos argentinos na tarde de segunda-feira para 38,9640 pesos (-0,91%).

Em um dia de poucas notícias, a cautela falou mais alto entre os mercados e permitiu que o dólar continuasse sua trajetória de alta ante outras divisas principais e de países emergentes, em um movimento de aversão a risco, apontam analistas do Scotiabank. A moeda americana ganhou força também apoiada pela divulgação do índice de atividade industrial dos Estados Unidos, elaborado pelo Instituto para Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês), que saltou de 58,1 em julho para 61,3 em agosto, muito acima das estimativas de analistas consultados pelo Wall Street Journal de queda a 57,5.

A expectativa pela retomada das tratativas comerciais entre os EUA e o Canadá nos próximos dias, depois de não terem entrado em acordo na última semana, é um dos pontos de atenção no âmbito comercial. Com isso, o dólar avançou ante a moeda canadense, para 1,3193 dólares canadenses (+0,73%).

“O risco de uma alta da taxa de juros do Banco do Canadá (BoC, na sigla em inglês) na quarta-feira praticamente desapareceu após a divulgação do PIB canadense que cresceu abaixo das expectativas e o fracasso das negociações do Nafta Tratado Norte-Americano de Livre Comércio na semana passada”, avaliam analistas da Continuum Economics diante do recuo do dólar canadense.

Investidores também monitoram a possibilidade de novas tarifas de Washington sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses. Presidente da distrital de Saint Louis do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), James Bullard defendeu nesta terça que não dá para ter “incerteza perpétua e caos perpétuo em torno das relações comerciais” do país. “É importante chegar a alguns acordos, em algum lugar”, ressaltou o dirigente em entrevista à Fox Business.

A tendência de alta do dólar também se deu em relação à libra, ainda pressionada pelas incertezas em relação ao Brexit. O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Mark Carney, tentou minimizar os impactos de uma saída do Reino Unido da União Europeia (UE) sem um entendimento, afirmando que a instituição fará o possível para o que sistema financeiro siga funcional e que várias companhias não serão afetadas caso isso ocorra, embora tenha afirmado que um cenário com acordo é mais provável.

“O crescente risco de um Brexit ‘duro’ claramente pesou muito sobre a libra em relação ao dólar nos últimos meses, e parece que os investidores estão agora cada vez mais precificando a possibilidade de nenhum acordo”, apontam analistas da Capital Economics.

Entre os mercados emergentes, a Argentina continua em foco à medida que uma delegação do país está em Washington para se encontrar com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, e que o medo de contágio de outras economias permanece. Ainda que o Banco Central da República Argentina (BCRA) tenha realizado dois leilões cambiais para tentar conter o recuo do peso local ante o dólar, a moeda do país vizinho continuou a cair ante a divisa dos EUA.

O mesmo aconteceu com o dólar ante a moeda da Turquia, que avançou de 6,6180 liras turcas na tarde de segunda para 6,6760 liras nesta terça (+0,86%), e com a divisa americana ante a rupia da Índia, que subiu de 71,215 rupias para 71,590 rupias (+0,52%). A moeda americana registrou nova máxima histórica ante a divisa indiana, a 71,39 dólares.

O rand sul-africano também registrou queda ante o dólar, movimento que se intensificou após a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) da África do Sul, que caiu 0,7% no segundo trimestre em relação aos três meses anteriores, depois de ajustes sazonais e na série anualizada, na primeira recessão técnica desde 2009. O dólar terminou a tarde cotado a 15,3687 rands (+3,32%), no maior nível em três semanas.