O dólar abriu a segunda-feira em alta no mercado doméstico, mas passou a cair ante o real. Os investidores ajustam posições à espera de uma terceira tentativa de acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. Além disso, a disparada dos preços das commodities segue como fator de elevação da inflação global, trazendo pressão aos juros curtos principalmente em meio a apostas de aperto de pelo menos 125 pontos-base, que se tornou majoritária na sexta-feira. A semana traz ainda dados de inflação ao consumidor (CPI) dos EUA (quinta-feira), China (terça) e o IPCA no Brasil (sexta-feira) antes das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de março, que devem anunciar elevações de juros no próximo dia 16.

Os investidores precificam ainda as revisões para cima do IPCA, IGP-M, preços administrados do governo para 2022 na pesquisa Focus, divulgada mais cedo pelo Banco Central.

O fluxo de entrada de capitais estrangeiros está no radar dos investidores, após relatos de interrupção na sexta-feira, quando o dólar à vista fechou a R$ 5,0783, em alta de 1,00%.

A terceira rodada de negociações de paz entre Rússia e Ucrânia começará às 11 horas (de Brasília), segundo um assessor do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Mais cedo, o cientista político belarusso Yury Voskresensky, que ajudou a organizar a reunião, informou que a delegação de negociadores da Rússia chegou nesta segunda-feira à cidade de Brest, em Belarus, e que o diálogo estava previsto para começar às 9 horas (de Brasília). A nova tentativa de entendimento vem após o presidente russo Vladimir Putin ter desrespeitado na semana passada o acordo para permitir corredores humanitários para fuga de civis de zonas de combate.

Em meio a expectativas, os preços do petróleo subiam mais de 6% por volta das 9h15, à casa dos US$ 125,36 o barril do Brent para maio, que chegou perto de US$ 140 (US$ 139,13) durante a madrugada. O cobre negociado em Nova York também atingiu a marca de US$ 5 mil a libra-peso pela primeira vez na história hoje cedo, após os Estados Unidos sugerirem que podem banir, em conjunto com aliados, as importações do petróleo russo.

No radar local fica ainda as discussões no governo para criar um programa de subsídio para os combustíveis em meio a temores de ingerência política na Petrobras em ano eleitoral e de perda de valor das ações no contexto da disparada do petróleo.

A proposta segundo apurou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) está prevista para ser debatida em uma reunião, nesta terça-feira,8, entre os ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, da Economia, Paulo Guedes, e de Minas e Energia, Bento Alburquerque.

O presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, também foi convidado a participar do encontro. O Ministério da Economia é “absolutamente contra” a proposta porque não seria possível vincular receitas dos campos de petróleo, já que elas estão sendo usadas para cobrir outras despesas, como saúde e educação, e continua insistindo no projeto do Senado que muda a cobrança do ICMS, segundo membros da equipe econômica afirmaram ao Broadcast no domingo. O relator dos projetos relacionados ao preço dos combustíveis no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), criticou a iniciativa do governo de conceder um subsídio direto.

Às 9h53, o dólar à vista caía 0,55%, a R$ 5,0505, após abrir em alta, cotado a R$ 5,0815, e de subir à máxima intradia a R$ 5,0980 (+0,39%). O dólar futuro para abril recuava 0,40%, a R$ 5,0840, ante máxima intradia a R$ 5,1355 (+0,62%).