Depois de amargar uma grande alta durante todo o ano de 2021, o dólar começa a ser cotado abaixo de R$5,00, com uma forte desvalorização da moeda norte-americana neste começo de 2022 provocada por vários motivos (entre outros, o fluxo de capital estrangeiro entrando no país por conta dos juros altos oferecidos aqui). Nesta quinta-feira (24), a moeda norte-americana à vista chegou a ser vendida a R$ 4,76.

Mas o que fazer nesse momento? Será que é a hora de comprar dólar e aguardar a cotação subir? Quais são as taxas envolvidas nesse processo? Como declarar esses dólares no imposto de renda? Vale a pena ter a moeda em espécie? Dois especialistas ouvidos pela Dinheiro dão algumas dicas. 

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Taxas e spread

Quem está começando agora a comprar moedas estrangeiras deve se atentar para as taxas que banco e corretoras praticam, além do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) que incide sobre essas transações. 

“Para a compra de dólar americano em moeda em espécie o IOF é de 1,1% e para a compra de dólar em cartão pré-pago internacional o IOF é de 6,38%, a mesma taxa que aplicada a compras realizadas em cartão de crédito no exterior”, explicou a Superintendente Acadêmica e professora de Finanças da Faculdade Fipecafi, Luciana Maia Campos Machado. 

O Spread cambial da instituição é um dos pontos em que é preciso ficar mais atento. Ele é o ganho que o banco e a corretora têm na compra e venda de moeda internacional e pode chegar a 5%. 

Por tudo isso, segundo o chefe da mesa de operações da B&T Câmbio, Marcos Trabbold, caso a compra seja de uma pequena quantidade, a operação passa a não valer a pena. “Se for um valor maior para fazer uma viagem no futuro, por exemplo, começa a ficar mais atrativo”.   

Banco ou corretora? 

Outra dúvida é onde que uma pessoa pode comprar dólares. Aqui também é bom ficar de olho nas taxas praticadas por cada instituição. Nos bancos o valor da moeda pode ser menor, mas a taxa de transação bancária pode fazer com que esse valor fique maior. 

Machado ainda aponta que alguns bancos digitais estão dando a opção de contas globais e “podem oferecer um spread menor entre o dólar comercial e a taxa praticada”. 

Dólar comercial e turismo

Outra confusão comum é sobre as cotações do dólar comercial e turismo. O primeiro, que varia durante o dia e geralmente é o informado pela imprensa, serve de referência em transações de importação e exportação de bens e serviços. Já o turismo é o que é vendido pelas casas de câmbio para pessoas físicas, e custa mais. 

Como declarar no Imposto de Renda 

Ter a posse de qualquer moeda estrangeira em espécie exige que ela seja declarada no Imposto de Renda. Trabbold explica que, se um cidadão comprou dólares para uma viagem e não gastou toda a quantia, pode declarar o valor adicional como um bem. Logo, se comprou US$ 5.000 e gastou somente R$4.000, os U$1.000 adicionais precisam ser declarados como bens, assim como qualquer outra moeda em espécie. 

Já o ganho de capital em moeda estrangeira é um rendimento tributável. Luciana aponta que o contribuinte que vendeu mais de US$5.000 por ano precisa preencher o Demonstrativo de Apuração dos Ganhos de Capital.

Venda

Na hora de fazer a venda de dólares é necessário guardar o comprovante de compra, já que ali vai constar um registro de que a origem daquele valor é legal. Caso opte pela venda em outra instituição, vai precisar mostrar esse comprovante também.  

Investimentos 

Para quem está pensando em fazer investimentos em dólar, a compra em espécie não é a melhor opção. Além de ter que guardar o valor em casa e correr o risco de roubo, não ganhará juros em cima daquele valor. 

“Do ponto de vista de investimentos, é possível buscar fundos de investimento com posição mais forte em ativos dolarizados, ETFs que repliquem índices internacionais ou mesmo investir diretamente em ações norte-americanas por meio de BDRs (Brazilian Depositary Receipts). Outra alternativa interessante é buscar ações que se beneficiam com a alta do dólar: empresas que possuem atividades principais de exportação, receitas dolarizadas e custos em reais”, aponta a professora Luciana.