Tireoidite de Hashimoto, tireoidite crônica ou doença de Hashimoto: esses são nomes comumente usados para designar a mesma condição. Uma situação tão silenciosa quanto estafante, que rouba sua energia e pode detonar sua carreira.

A doença autoimune é causada por uma reação ao sistema imunológico, que acaba atacando, a partir de anticorpos, as células tireoidianas e destruindo-as. Quando você percebe (ou um médico diagnostica), seu ânimo já esvaziou, você já não tem vontade de fazer muita coisa (sexo inclusive) e seu desempenho no trabalho, que vem sofrendo há muito, pode levar a consequências sérias se você não comunicar a doença.

De acordo com a endocrinologista Fernanda Vaisman, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a doença de Hashimoto é a causa mais frequente do hipotireoidismo primário, – que é a diminuição dos hormônios tireoidianos.

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Entre os problemas que podem ocorrer em decorrência dessa diminuição da função da glândula, estão cansaço, dificuldade para se concentrar, pele ressecada e unhas quebradiças.

A síndrome se manifesta mais em mulheres, sendo de cinco a oito vezes mais frequentes neste público, informa a SBEM. Apesar de poder aparecer em qualquer idade, a doença é mais comum nas mais velhas.

Apesar de não se saber ao certo o que causa a doença de Hashimoto, fatores genéticos podem estar relacionados à condição, já que há uma herança de pré-disposição ao desenvolvimento de doenças autoimunes. No entanto, o desencadeamento da doença pode acontecer por elementos que estão no meio ambiente.

Um exemplo é o iodo. Presente no sal de cozinha e em outros alimentos como enlatados, embutidos, derivados do mar, sopas prontas e até pão, o iodo em abundância pode causar lesões nas células tireoidianas.

Hipotireoidismo

A SBEM informa que o hipotireoidismo é uma condição na qual a glândula tireoide não produz hormônios em quantidade suficiente para manter as necessidades funcionais normais do organismo. 

A entidade aponta que a prevalência da disfunção tireoidiana vem crescendo nos últimos anos, em parte por conta do aumento do diagnóstico. Mas levantamentos recentes sugerem que até um quarto da população brasileira, diagnosticada ou não, trate a doença ou a trate de forma inadequada. 

Estima-se que hoje 4,7 milhões de brasileiros acima dos 35 anos tenham hipotireoidismo, mas não saibam.

Como identificar a doença?

Vaisman explica que apenas exames laboratoriais podem confirmar a doença. “É preciso ter os anticorpos positivos, que a gente chama de antitireoperoxidase, e ou antitireoglobulina, e TSH alta para identificar o hipotireoidismo clínico ou subclínico”.

A ultrassonografia também é outro exame importante que pode ajudar no diagnóstico. Através dela, é possível observar as alterações causadas pelas lesões das células. 

A endocrinologista reforça que os sintomas são genéricos, e é muito difícil identificar a condição apenas pelas características. Contudo, é comum relacionar cansaço, constipação, alterações menstruais em mulheres jovens, infertilidade e até ganho de peso, queda de cabelo e unhas quebradiças.

É possível associar a doença com outras condições?

Assim como toda doença autoimune, a condição pode ter um gatilho em alguma infecção viral aguda. “Vimos pessoas que tinham essa tendência, abrirem um quadro de inflamação tireoidiana maior durante a covid”, afirma Vaisman. 

“O estresse e burnout são características pouco associadas ao quadro, mas os sintomas podem ser parecidos. Uma ansiedade maior, uma sonolência maior, que podem ser diagnosticados como burnout, na verdade têm a ver com hipotireoidismo”, explica.

A endocrinologista da SBEM afirma que apesar de não se ter estudos que associam a doença de Hashimoto por causa de burnout ou estresse. No entanto, ela diz que poderia. “Já que as doenças autoimunes podem abrir situações de estresse psicológico ou físico”.

Tratamento

Apesar de não ter cura, o tratamento é feito com reposição hormonal de levotiroxina (T4), para equilibrar a produção de hormônios tireoidianos que a glândula lesionada deixou de fazer. “Em geral, por toda a vida”, finaliza Vaisman. A dosagem varia de acordo com sexo, idade e peso.