A cada ano, são desperdiçados R$ 4,6 bilhões no Brasil porque não se recicla tudo o que seria possível reaproveitar. Só a cidade de São Paulo, por exemplo, gera mais de 12 mil toneladas de lixo por dia – o que, a casa semana, lotaria um estádio de futebol como o Pacaembu. E, no planeta, cada ser humano produz cerca de um quilo de lixo por dia, o que faz com que a Terra gere 400 milhões de toneladas de resíduos a cada ano. Boa parte disso vem das empresas. Mas muitas delas estão descobrindo no lixo uma importante fonte de receita – e também de reconstrução da imagem corporativa.

A sustentabilidade, que no passado era usada apenas como instrumento de marketing, hoje faz parte do negócio das empresas. Ajuda a reduzir custos, a ampliar receitas e também a melhorar a última linha do balanço, ou seja, a do lucro. “Nós usamos a cabeça para não desperdiçar nada porque a sustentabilidade nos traz muita renda extra”, diz o empresário Everardo Telles, presidente da Ypioca, um dos maiores produtores de aguardente do mundo. Na empresa, o bagaço de cana é utilizado até para produzir papel.

Histórias como a da Ypioca têm sido cada vez mais comuns no ambiente corporativo. O McDonald’s, por exemplo, utiliza o óleo das frituras para movimentar seus caminhões. A Johnson & Johnson lançou uma escova em que 40% da matéria-prima vem de resíduos industriais. Mas as escolhas das empresas nem sempre são tão simples.

Encontrar a equação que combine sustentabilidade e lucro requer argúcia empresarial, inteligência no planejamento e audácia nas ações – num jogo que não admite erros. Um dos pais do movimento pela preservação da natureza, o inglês James Lovelock, traz dados curiosos em seu último livro, “Gaia: alerta final”.

A energia eólica, por exemplo, nem sempre é a mais eficiente do ponto de vista ambiental, segundo Lovelock. Um parque eólico de 20 turbinas de um megawatt requer mais de dez mil toneladas de concreto. A construção de um parque eólico de um gigawatt empregaria uma quantidade de concreto de dois milhões de toneladas, o suficiente para construir uma cidade para 100 mil pessoas viverem em 30 mil lares. “A fabricação e o emprego dessa quantidade de concreto lançariam um milhão de toneladas de dióxido de carbono no ar”, diz ele.

De todo modo, as empresas já não podem mais ignorar a economia do baixo carbono. Nesse sentido, o empresário sustentável já não deve ser apenas um vocacionado: o mercado irá cobrar dele, inevitavelmente, esse tipo de conduta. A própria BM&FBovespa possui um Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), que agrega empresas com práticas sustentáveis.

Ser incorporado a esse seleto clube requer o cumprimento, à risca, de uma laboriosa carta de compromissos. O cumprimento desse rito garante ao empresário um expressivo aumento no volume de papéis negociados. Os fundos de investimento voltados a tais empresas sustentáveis, no Brasil, já têm mais de R$ 1,5 bilhão captados. DINHEIRO selecionou 15 empresas que fazem da sustentabilidade um negócio rentável: conectando, singularmente, o lixo industrial ao lucro financeiro.

1 – McDonald’s
O óleo que move os motores

“Não se trata apenas de algo voltado à imagem da empresa. Nossas projeções já indicam economia de 5% a 7% no gasto de óleo”, comemora Celso Cruz, um engenheiro químico há 11 anos no McDonald’s, hoje diretor da rede de fast-food. Iniciativa pioneira no País, a produção de biocombustível é feita em ciclo fechado: os veículos da Martin-Brower, que fazem o abastecimento do McDonald’s, testam biodiesel produzido a partir do óleo de cozinha recolhido dos próprios restaurantes. A rede McDonald’s, em seus 583 restaurantes no Brasil, compra 3milhões de litros de óleo de fritura por ano e mais 5 milhões de litros de óleo diesel.
 

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Frota verde: caminhões rodam com sobras de óleo usado para fritar batatas

Todo esse óleo é levado à sede da Martin-Brower, em Osasco (SP), onde é armazenado e enviado a uma usina que faz o processo de transformação em biodiesel. Para fechar o ciclo, o combustível assim que gerado abastece os caminhões que fazem as entregas seguintes, recolhendo dos restaurantes mais óleo usado para nova produção de biodiesel. 

O projeto começou com um caminhão da Martin-Brower que recolhia óleo de 17 restaurantes para fabricação de biodiesel B20. Atualmente, o número de restaurantes aumentou para 20 e o teste foi estendido para cinco caminhões, sendo quatro abastecidos com B20 e um com B100, ou seja, 100% de óleo de cozinha reciclado. O diretor Celso Cruz já anuncia outra novidade. “Um técnico deu a ideia de reaproveitarmos a água dos aparelhos de ar condicionado e a economia será significativa.”

 

2 – Agropalma
O fator humano no dendê

Com 65 mil hectares de reservas florestais, 39 mil hectares de áreas de plantio e cinco indústrias de extração de óleo bruto situados nos municípios de Tailândia, Acará, Moju e Tomé-Açu, a 150 quilômetros de Belém, a Agropalma é o maior produtor individual de óleo de palma da América Latina. Responsável pela geração de mais de cinco mil empregos diretos, o grupo vem investindo há 27 anos na Região Amazônica com a implantação de seu complexo agroindustrial, que contempla o plantio da palma e a produção de óleo para o abastecimento dos mercados nacional e internacional.
 

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Óleo de palma: projeto inovador, com agrovilas e escolas para os funcionários
 

Essa iniciativa fez com que a empresa desenvolvesse uma infraestrutura de apoio na região: criação de malha viária, agrovilas com residências, alojamentos, clubes recreativos, refeitórios, ambulatórios, farmácia, escola de ensino infantil, fundamental e médio, com instalação de energia elétrica, abastecimento de água e assistência médica. Essas atividades geram receita e proporcionam melhoria do nível de vida dos funcionários e da população residente nas comunidades próximas que, direta ou indiretamente, possuem algum tipo de relacionamento com a companhia. Já foram empregados cerca de US$ 250 milhões no empreendimento. Isso comprova o compromisso da Agropalma em promover o desenvolvimento social e sustentável na região.

 

3 – Masisa
Os painéis do reflorestamento

Uma tomada de consciência, além das planilhas de resultados financeiros, impulsionou a Masisa a adotar um sistema de gestão pelo Triplo Resultado. “É uma nova maneira de fazer negócios”, afirma Jorge Hillmann, diretor-geral da Masisa Brasil. “Uma visão a longo prazo que implica a avaliação não apenas dos resultados econômicos, mas também sociais e ambientais de cada decisão de negócios”, diz ele. O desempenho da Masisa, empresa fabricante de painéis para a indústria moveleira, é medido com o auxílio de diversos parâmetros, entre os quais se destacam as certificações externas e a avaliação de impacto ambiental e social de novos projetos.
 

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Madeira de lei: matéria-prima vem das áreas de reflorestamento da empresa
 

A Masisa aposta no reflorestamento e no aproveitamento de praticamente 100% da matéria-prima como chave para uma produção competitiva. A produção do painel Masisa MDF permite a utilização, como matéria-prima, de descartes resultantes do processamento mecânico de toras em serrarias e laminadoras – serragem, cavacos e até mesmo o pó de madeira. 

Os diferentes tipos de painéis hoje produzidos pela Masisa no Brasil também refletem a orientação da empresa para a sustentabilidade, tanto em relação às tecnologias empregadas quanto aos padrões de produtos ofertados ao mercado brasileiro.

 

4 – Itaipu
Uma energia de biomassa

O engenheiro agrônomo Cícero Bley, 63 anos, é o responsável pelo que chama de uma radical mudança no paradigma da matriz energética nacional, brotada de Itaipu. A partir de um modelo instalado na cidade paranaense de Marechal Cândido Rondon, diz Bley, o Brasil vai poder gerar energia elétrica a partir da biomassa. “Desde uma grande fazenda que abata 160 mil aves por dia até o miniagricultor, todos colocarão os dejetos no biodigestor.

No futuro, ele gerará bioenergia, já que os vários biodigestores canalizarão essa energia de biomassa a uma cooperativa, que injetará a energia na rede.” O Brasil dispõe hoje de 100 mil quilômetros de linhas de transmissão de energia e 4,5 milhões de quilômetros de linhas de distribuição. “Com essa intensa capilaridade, a rede receberá energia dessas microfontes. A longo prazo, a atividade rural vai gerando mais proteína, que gera mais energia.

Teremos uma nova economia sustentável.” A imensa rede brasileira de energia passará, assim, não só a dar energia para quem consome, mas a distribuir energia gerada por antigos consumidores, convertidos em produtores de energia a partir da biomassa de suas propriedades rurais. “Isso levará o Brasil ao futuro em termos de economia verde”, diz Cícero Bley.

 

5 – Johnson & Johnson
A escova ecológica

Uma forma de minimizar as perdas, empregada pela Johnson & Johnson, é o reaproveitamento das aparas e resíduos industriais na própria fábrica, na composição de outros produtos. Nessa iniciativa, em 2009, a empresa Johnson lançou a escova de dentes Reach Eco, com 40% da haste produzida a partir de resíduos, evitando o uso de 11 toneladas de plástico.

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Material reciclado: 40% da haste é feita de resíduos industriais
 

Vendida a R$ 1,49, a escova foi lançada em setembro do ano passado e vendeu, até o fim de 2009, dois milhões de unidades. Outra forma eficiente encontrada pela companhia para reduzir o descarte foi a Central de Reciclagem de Resíduos, localizada no complexo de São José dos Campos. Quando foi criada – em 1996 –, ela já garantia a destinação adequada de 34% do total de resíduos gerados no Parque Industrial da empresa.

 

6 – Goodyear
O pneu verde

“Estamos no futuro, preocupados mais do que nunca com o planeta a economia da empresa, e a felicidade de quem participa desse processo”, comemoram, em uníssono,  Sergio Camargo, diretor  de tecnologia de pneus para a América Latina, e Giano Agostini, presidente da Goodyear no Brasil. Os dados fornecidos são impressionantes : 11 bilhões de libras (peso, não dinheiro)  é o potencial de consumo anual de isopreno, uma fonte renovável, pelas fabricantes de pneu no mundo inteiro. Além disso, 24% da matéria-prima utilizada hoje pelas indústrias de pneus é borracha sintética.

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Sem petróleo: novo composto utiliza quantidade menor de borracha sintética
 

Nesse sentido, a utilização da bioisoprene, quando viabilizada, poderá gerar uma economia de bilhões de tonelada de borracha sintética. Sergio Camargo diz que na Goodyear a sustentabilidade com foco em produto está baseada em três pontos:  recursos naturais, durabilidade  e economia de combustível. No final de 2009, o primeiro pneu-conceito do mundo produzido pela Goodyear com tecnologia bioisoprene foi exibido em primeira mão em Copenhague, na Dinamarca.

A bioisoprene é uma alternativa inovadora para substituir por biomassa renovável um ingrediente petroquímico usado na fabricação de borracha sintética. Os pneus feitos com bioisoprene são resultado de uma cooperação entre a Genencor, divisão da Danisco, e a Goodyear, uma das maiores empresas de pneus do mundo, que emprega cerca de 75 mil pessoas em 25 países. 

 

7 – Sabesp
Polo químico com água de reúso

A Sabesp e a Foz do Brasil, empresa de engenharia ambiental da Organização Odebrecht, surgem com o projeto Aquapolo, empreendimento de porte inédito no Hemisfério Sul e o 5º maior do mundo, dedicado à produção de água de reúso para fins industriais, tendo como insumo o esgoto tratado. Montado para produzir mil litros por segundo (l/s) de água de reúso, o Aquapolo abastecerá o Polo Petroquímico do ABC paulista. Fornecerá tal recurso para os municípios e as  empresas próximas aos 17 km de sua adutora.
 

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Água valiosa: recursos hídricos fomentaram parceria entre Sabesp e Odebrecht

O projeto vai facultar ao governo paulista o aumento da oferta de água tratada para a Região Metropolitana de São Paulo. O volume de água de primeiro uso, que deixará de ser consumido pelas indústrias, é suficiente para abastecer continuamente uma população de 350 mil habitantes, com capacidade para chegar a 600 mil, caso seja estendido a outros clientes. O desenvolvimento e a implementação do projeto foram alavancados por um cliente de peso, a Braskem, através de sua controlada Quattor, que consumirá 65% da produção do Aquapolo.

O Aquapolo envolve investimentos de cerca de R$ 252 milhões por meio de um contrato que se estenderá até 2043. O projeto prevê a construção de uma estação de tratamento terciário em uma área de 15 mil metros entre São Paulo e São Caetano do Sul. “O futuro está aliando sempre o lucro à sustentabilidade: afinal a água do reúso será vendida para a indústria. O futuro é o lucro, num sistema em que as indústrias deixam de usar água potável para satisfazer as suas necessidades”, diz Leonardo Citadella, da Aquapolo.

 

8 – Suzano
Replantando o futuro

A Suzano, uma das maiores empresas de papel e celulose do País, assumiu um compromisso com o futuro. Além de desenvolver as mudas de reflorestamento, a empresa é praticamente autossuficiente em energia em várias de suas unidades. Na unidade Mucuri (BA), por exemplo, a empresa produz internamente 97,75% da energia consumida, em sua maioria a partir de fontes renováveis, com aplicação do reúso dos resíduos da madeira. Isso é possível graças ao processo de recuperação química que eles utilizam nas indústrias. O processo Kraft as torna capazes de recuperar os químicos utilizados na polpação e, ao mesmo tempo, permite o uso dos resíduos do cozimento da madeira para gerar energia.
 

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Viveiro de mudas: grupo Suzano é um dos líderes em reflorestamento no mundo

Depois dessa etapa, o processo de recuperação química é completado com a cal virgem, que, juntamente com o sulfato de sódio e a soda, vão compor o licor verde e o licor branco que retornarão ao início do processo para novo cozimento de madeira, com o mínimo de reposição. Isso permite a Suzano ganhos ambientais diretos com redução de resíduos e geração de energia.

Por deter participação de 17,9% na Usina Hidrelétrica Amador Aguiar, em São Paulo, toda a necessidade de aquisição de energia elétrica das unidades Suzano, Embu e Rio Verde está equacionada. Nos últimos anos, a Unidade Suzano vem conseguindo tornar sua operação mais ecoeficiente ao reduzir de forma contínua o consumo de energia.

O empenho da Suzano para reduzir os impactos das operações ao meio ambiente também passa por iniciativas que visam assegurar a qualidade dos efluentes. Em Mucuri, por exemplo, a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) é dotada de mecanismo de dosagem de nutrientes.

 

9 – Cetrel
Petroquímica tratada

Responsável pelo tratamento e disposição final dos efluentes e resíduos industriais do Polo Industrial de Camaçari, a Cetrel atua em todos os campos da engenharia ambiental.  Os dados da Cetrel revelam o emprenho na sustentabilidade: intensa atuação em pesquisa e inovação, com investimentos anuais equivalentes a 7% do faturamento total da companhia.

E, entre as principais linhas de pesquisa da Cetrel, estão algumas consideradas as mais modernas: a partir de resíduos como fibras naturais (casca de coco, bagaço de cana, sisal), combinados com polietileno e polipropileno reciclados e cinzas de processo de incineração, podem ser gerados diversos novos produtos para produção em escala industrial. Em 2010 está prevista a inauguração de Centro Tecnológico de Biocompósitos da Cetrel, o maior da América Latina.

 

10 – LEPRI
Lâmpada queimada vira cerâmica

“Nosso atrativo está em vender nosso produto a um preço normal, com o diferencial ecológico”, diz José Lepri. Ceramista e dono da Lepri Cerâmicas, o empresário viu no descarte de lâmpadas fluorescentes a oportunidade de ajudar o meio ambiente e criar um produto diferenciado, as ecopastilhas.

Por mês, a empresa compra cinco toneladas de vidro originado da reciclagem de lâmpadas fluorescentes e utiliza até 20% do material na massa cerâmica. O processo diminui a temperatura de queima da cerâmica e permite a redução de até 15% no consumo de gás durante a produção. Além disso, cinzas de madeira  são utilizadas na fabricação de um esmalte biológico.

 

11 – Dedini
A era das biousinas

Maior fornecedora de equipamentos para usinas sucroalcooleiras do País, a Dedini, com sede em Piracicaba (SP), confia em um novo modelo de projeto sustentável para manter a dianteira no segmento no país e crescer no Exterior nos próximos anos.
 

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Caldeira moderna: ela será utilizada pelas principais usinas de álcool do País
 

Segundo José Luiz Olivério, vice-presidente de tecnologia e desenvolvimento da empresa, a novidade atende pela sigla USD (“Usina Sustentável Dedini”) e já vem sendo apresentada aos clientes. Os projetos que estão sendo desenhados procuram destacar o que a empresa classifica de “seis bios” (bioaçúcar, bioetanol, bioeletricidade, biodiesel e bioágua).

Para chegar à autossuficiência de água — as usinas normalmente têm de recorrer aos mananciais —, os projetos da Dedini usam catalisadores para evitar a perda de vapor e promovem o uso da própria água da cana — daí o estranho termo “bioágua”. Esta bioágua permite uma concentração maior de resíduos do processo produtivo, resultando em um tipo de biofertilizante organomineral que pode ser aplicado nos canaviais.

“Calculamos em quatro anos o retorno de um investimento em uma usina como essa. Temos alguns orçamentos nesse sentido, principalmente de projetos novos”, afirma o vice-presidente. Para se ter uma ideia, a média de produção de lixo per capita no Brasil já é de um quilo por dia. Só em São Paulo, são produzidas cerca de 17 mil toneladas diariamente. Sabe-se que 80% do lixo produzido pela Grande São Paulo é encaminhado para aterros sanitários. Segundo dados da Prefeitura de São Paulo, por exemplo, na capital paulista apenas 1% do lixo coletado segue para reciclagem.

Uma solução que tem se mostrado eficiente para a diminuição desse volume é a geração de energia a partir do lixo.  Para se ter uma ideia, com cerca de 1.200 toneladas de lixo por dia é possível gerar 25 megawatts de energia. A solução, desenvolvida pela Dedini e cuja tecnologia desenvolvida contou com investimento relevante, usa como combustível o lixo bruto, sem a prévia separação de recicláveis, num sistema que faz uso de duas caldeiras. A avaliação feita pela empresa é que, em uma década, projetos como esses vão corresponder a 50% do faturamento da empresa.

 

12 – Santa Mônica 
O carpete que vem do PET

Transformar garrafas PET em tapetes e carpetes: esta é a iniciativa da Santa Mônica Tapetes e Carpetes para garantir economia na criação de seus produtos e colaborar com um mundo mais sustentável. Há mais de 30 anos no mercado, a empresa de Osasco, na Grande São Paulo, viu no descarte dessas embalagens de plástico a oportunidade de oferecer um produto diferenciado que, além de sustentável, atende às exigências do mercado.
 

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Tapete verde: matéria-prima utilizada é o plástico das garrafas PET
 

Durante seis meses, a empresa pesquisou tecnologias para criar o tapete Eco e chegou a uma fórmula que permite transformar, por minuto, 14 mil garrafas PET em cacos – que posteriormente virarão fibra até chegar aos fios de poliéster que compõem os tapetes e carpetes.

Com produção semiartesanal, a Santa Mônica recebeu do The Carpet and Rug Institute (CRI) – instituto que atesta a qualidade e o compromisso das empresas produtoras de tapetes e carpetes – o selo verde que garante o comprometimento com uma melhor qualidade de vida.

13 – Ypióca
O papel que vem da cana

Introduzir a sustentabilidade em todo o processo produtivo da aguardente foi a maneira encontrada pela Ypióca de ter um produto ecologicamente correto e financeiramente interessante. Fundada no Ceará há mais de 160 anos, a Ypióca gera, atualmente, cerca de 3,2 mil empregos diretos e 20 mil indiretos, e além das cinco fábricas de aguardente, tem iniciativas empresariais sustentáveis em outras áreas: água mineral, papel e papelão, agropecuária e embalagens. “O bagaço da cana, em nossa empresa, é reaproveitado em cinco atividades rentáveis, como fabricação de briquetes, para lenha, e papelão reciclado. O futuro está aqui”, diz Evaldo Telles, presidente da empresa.

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Fonte renovável: bagaço da cana é usado na produção de papel pela Ypióca
 

As ações sustentáveis começam na plantação da cana-de-açúcar: submetida a técnicas agrícolas de seleção de sementes, fertirrigação, colheitadeiras mecânicas e sistema de irrigação feito por pivô central e gotejamento, e continuam com o reaproveitamento do bagaço. Uma parte é aproveitada para a geração de energia elétrica, tornando a unidade fabril autossustentável, e outra é transportada para um hidrolisador, que a beneficia com sais e vitaminas e permite sua utilização como ração.
 
A última parte do bagaço moído é utilizada para adubação e ainda para participar como componente na fabricação de papel e papelão. Em Pindoretama (CE), a Pecém Agroindustrial Ltda. utiliza o bagaço de cana como componente para a fabricação de papel e papelão. O processo de fabricação consiste em misturar papel reciclável ao bagaço da cana e à água tratada, formando uma massa. Depois de limpa e filtrada, essa massa é refinada até chegar à condição de fibra de celulose.

 

14 – Beraca
Renda social na Amazônia

Fundada no município de Ananindeua, próximo a Belém do Pará, a Beraca, é autossustentável em três troncos: a Health and Personal Care (HPC), com matérias-primas para as indústrias de cosméticos e farmacêutica; a Food Ingredients, para nutrição humana e animal; e a Water Technology, que oferece insumos para tratamento de água.

O faturamento da empresa, que fornece para grandes marcas de cosméticos mundiais, como L’Oreal, L’Occitane e Natura, é de R$ 100 milhões, com crescimento de 14% ao ano. “Exportamos óleos essenciais, manteigas, extratos, resinas e argila por quilo ou tonelada. Ao mesmo tempo que fornecemos uma matéria-prima totalmente natural, nós não agredimos o meio ambiente”, afirma Filipe Sabará, diretor de negócios da Beraca.

 

15 – Portobello
99,5% de reaproveitamento

Com o objetivo de minimizar os impactos sobre o meio ambiente durante o processo de produção de cerâmica, a Portobello decidiu investir em gestão ambiental. Além de a matéria-prima ser certificada, todos os fornos e secadores da empresa utilizam o gás natural – que emite menor quantidade de dióxido de carbono na atmosfera – como fonte energética. 

Em 2009, a empresa chegou a um índice de reaproveitamento de resíduos sólidos de 99,5%. Parte dos resíduos é reincorporada ao processo produtivo, fazendo com que os produtos tenham, em média, 18% de conteúdo reciclado.

Com a água utilizada no processo produtivo não é diferente. Toda a água da Portobello fica em circuito fechado, não sendo descartada para o meio ambiente. Ela passa ainda por uma estação de tratamento de efluentes, onde, além de purificada, tem toda argila carregada durante o processo de produção de cerâmica retirada. Em 2009, foram coletadas 2,6 mil toneladas de argila da água industrial.