O Brasil deve continuar com as contas desequilibradas até o fim da década, prevê a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado. O órgão prevê uma sucessão de rombos até 2030, o que, se confirmado, significaria uma sequência de 17 anos de gastos acima da arrecadação – as finanças brasileiras estão no vermelho desde 2014. Com isso, a dívida bruta do governo continuaria subindo até alcançar o patamar de 103,4% do PIB, em 2030.

O cenário é pior que o estimado pela equipe econômica, que prevê sucessão de rombos até 2026, com retomada de superávits apenas em 2027. A aposta do governo é na aprovação de reformas para acelerar a velocidade do ajuste.

Neste ano, a dívida bruta do governo deve fechar o ano em 92,7% do PIB, diante de mais um ano de rombo nas contas e despesas extras para o combate à covid-19, segundo a IFI. A meta permite um déficit de até R$ 247,1 bilhões em 2021.

As projeções são o chamado “cenário base” do órgão, com maior probabilidade de se efetivar. Esse cenário prevê uma alta do PIB de 3,0% em 2021 (contra 2,8% no relatório anterior), 2,6% em 2022 e um crescimento médio da economia de 2,3% no período de 2023 a 2030.

Segundo a IFI, ainda há muitas incertezas em relação à recuperação da atividade econômica no Brasil.

“Desde o relatório de novembro, vacinas foram aprovadas para uso e programas de imunização foram iniciados em vários países – fator preponderante para impulsionar a recuperação da economia. No Brasil, há um lento processo de vacinação em curso, e os riscos de disponibilidade de novas doses e da eficácia em relação às novas cepas do vírus, mais contagiosas, – em um ambiente marcado pela aceleração do número de casos e óbitos -, podem limitar a perspectiva de retomada da economia nos trimestres à frente”, diz o documento.

O cenário base ainda considera alta de 3,6% no IPCA em 2021, Selic a 3,5% e taxa de câmbio ao fim do ano em R$ 5,27.

A IFI também fez projeções segundo cenários otimistas, com menos incertezas e maior impulso à economia (com taxa média de crescimento de 3,5% entre 2023 e 2030), e pessimista, com deterioração da situação fiscal e necessidade de ajuste mais expressivo na política monetária (a taxa média de crescimento seria de 1,3% entre 2023 e 2030).

No cenário otimista, o superávit volta em 2025. No pessimista, os rombos também prevalecem até o fim da década, com um patamar de dívida ainda maior: 135,2% do PIB em 2030.