Quando Thiago Pinto escolheu abrir um negócio próprio, inaugurou uma loja da já consolidada Havaianas. Ele, no entanto, não se enquadrava no perfil tradicional de um franqueado – que tem identificação emocional com o produto, que está disposto a seguir com o novo negócio por toda a vida e que pretende participar do dia a dia da loja. Formado em gestão financeira, seu objetivo era ter o máximo de retorno dentro do sistema de franquias e, assim, logo abriu lojas da Mr. Cat, The Body Shop, Sunglass Hut, Oticas Carol, MagicFeet e Usaflex. Baseado em Manaus, hoje ele tem 25 lojas, espalhadas por cinco estados. “Meu pai dizia que nunca é interessante colocar todos os ovos na mesma cesta”, diz Thiago. “Quando você se torna um gestor de franquias, você quer crescer.”

Alberto Oyama, diretor de franqueados da ABF: “Quem tinha mais unidades acabou tendo mais opções de driblar a crise” (Crédito:Divulgação)

Ser um franqueado multimarca não é para qualquer um. Como Thiago, é importante ter o perfil mais de administrador do que de operador do empreendimento. também é preciso know-how sobre como uma franquia funciona e sobre os deveres de um franqueado, como o de seguir o padrão da marca matriz, de usar somente os fornecedores autorizados por ela e não criar novos produtos por conta própria. Apesar da modalidade existir desde que o modelo de negócios de franquia surgiu no Brasil, nos anos 1980, o número de franqueados multimarca cresceu mesmo com a crise econômica que atingiu a economia, em 2015, apesar de não existir um número preciso. “O franchising, como todo o varejo, sofreu”, afirma Alberto Oyama, diretor de franqueados da Associação Brasileira de Franchising. “Quem tinha mais unidades acabou tendo mais opções de driblar com a situação. E outros interessados perceberam isso.”

Não é possível fazer qualquer combinação. Um franqueado não pode ter duas lojas de marcas rivais do mesmo segmento, por exemplo. Mas é possível ousar mais. “Na época das paletas mexicanas, quem viu uma oportunidade de uma franquia temporária, foi ótimo. Depois seguiu com as outras”, diz Leandro Reale, consultor do Sebrae-SP. Além disso, o multifranqueado tende a ter mais estratégia do que o franqueado comum. Foi o caso de Tatiana Machado. Dentista, ela procurou abrir uma operação da Sorridents, como forma de abrir seu consultório. Mas logo ela descobriu um novo lado de si própria, o de empresária. “O retorno veio muito rápido e daí investi em abrir uma nova clínica.” Em 14 anos, abriu outras já tem três Sorridents e agora atua também na área estética, com duas GiOLaser. “É como se eu fosse uma CEO de franquias”, ela brinca.


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