Com o aumento cada vez mais significativo de empresas que desembarcam na era da indústria 4.0, a pergunta que se faz para quem acompanha a diversidade no mundo trabalho é a seguinte: Até que ponto essas novas tecnologias estarão comprometidas com a inclusão?

Para alguns especialistas haverá um ganho substancial nessa área e uma demanda por profissionais de perfis mais diferentes entre si. Regina Madallozo, professora associada no Insper desde 2002 onde
coordena o mestrado profissional em Economia, aposta que essa nova indústria terá que se ater cada com profundidade a inclusão de pessoas com olhares diversificados para conquistar públicos variados e estar sempre evoluindo.

Ela destaca: “Essas empresas precisam crescer de um jeito que a mudança seja absorvida facilmente. Então, é normal a gente ver mais inclusão nessas empresas tecnológicas. Elas já se deram conta de que ter mulher, ter pessoas com orientação sexual, cor ou raça diferente e pessoas com deficiência, na verdade, é muito importante para atingir um público que não é tão quadradinho. Por isso essas oportunidades parecem estar mais disponíveis nessas empresas e não nas outras”.

Porém, ao analisarmos um dos pilares da indústria 4.0 que é IA –  Inteligência Artificial, é assustador a falta de diversidade em quem programa e controla esse setor da indústria. As consequências disso podem ser devastadoras no campo da diversidade e isso ficou demonstrado em um relatório da
Universidade de Nova Iorque, que apontou “falhas” que impulsionavam preconceitos nos programas de Inteligência Artificial por conta de quem controlava essas áreas. A pesquisa demonstrou que a maioria dos perfis por trás dessa indústria era de homens brancos contribuindo assim para a
perpetuação de preconceitos históricos, uma vez que a máquina refletia o perfil dos seus programadores.

Ao nos depararmos com o relatório de 2018, da AI Index, isso fica bem mais claro. Mais de 80% dos professores de IA – Inteligência Artificial são homens, apenas 15% dos pesquisadores de IA no
Facebook e 10% dos pesquisadores de IA no Google são mulheres, os homens representam atualmente 71% do grupo de candidatos a empregos de IA nos Estados Unidos.

São números que refletem diretamente essa área da ciência da computação. Estima-se que somente 24% dos profissionais de Computação sejam mulheres. Na maioria das empresas deste setor se reflete a falta de diversidade. Nos Estados Unidos, apenas 2,5% da força de trabalho do Google é formada por negros, o Facebook e a Microsoft não ultrapassam 4%.

De olho nessa indústria cada vez mais presente em nossa realidade, seja na empregabilidade ou no desenvolvimento social e econômico e suas ações para inclusão, o próximo Fórum Brasil Diverso tomou como tema a tecnologia a serviço da inclusão, para o qual estão sendo aguardados especialistas do Brasil e do exterior.

Será um grande momento para reflexão de até onde vai a inclusão e diversidade na nossa sociedade não só no presente mas também no futuro.