No dia 13 de maio, 134º aniversário da Lei Áurea, a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial realiza um evento especial para reconhecer as Melhores Empresas em Práticas e Ações da Diversidade. Serão destacados projetos em oito categorias considerando diversos recortes de diversidade como ascensão e engajamento. Raphael Vicente, coordenador da Iniciativa, conversou com a DINHEIRO sobre o evento que tem apoio do Fórum de Direitos e Empresas LGBTI+ e da Mulheres 360.

A Iniciativa Empresarial já possui o Índice de Equidade Racial (IERE). Agora lançam um segundo reconhecimento. Qual o diferencial da Melhores Empresas em Práticas e Ações da Diversidade?
Queremos aproveitar o dia 13 de maio para fazer uma ação propositiva e assim mostrar que a questão da diversidade está aos poucos se transformando. Existem muitas ações interessantes isoladas e elas precisam ser vistas. Percebemos isso porque muitas empresas que ainda não conseguiram uma transformação total nos aspectos da agenda — o que as deixa com poucos pontos no IERE—, possuem iniciativas muito boas e com grande potencial transformador. Foi assim que surgiu a ideia de desenvolver esse reconhecimento mais pontual e focado em ações e práticas.

E como a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial avalia a evolução dessas ações?
Estamos no que eu chamo de segunda dimensão da inclusão. A primeira foi criar uma coesão de discurso onde se compreendeu que havia um problema. É preciso lembrar que até pouco tempo, o Brasil não admitia que havia um problema de racismo estrutural no País. Qualquer desigualdade era vista como uma questão exclusivamente social. A agenda racial só ganhou força após os casos de George Floyd [EUA] , e de João Alberto, [ambos mortos em crimes com motivações racistas, este último no Carrefour em Porto Alegre]. Esses fatos impulsionaram a segunda dimensão que é a cobrança da sociedade por ações efetivas no combate ao racismo.

Na sua opinião, essa pressão vem de quais agentes da sociedade?
Estamos no meio de uma transformação interessante onde está havendo uma revisão de valores da sociedade interna e externamente. Isso está impulsionando a maneira de fazer negócios. A pressão vem de todos os lados.

O poder público tem participado?
A transformação na esfera pública antecede a do setor privado. Ela começa por volta dos anos 2000 quando o estado brasileiro reconhece o problema do racismo e se compromete com seu combate. Essa é uma longa construção onde as instituições que têm obrigação de aplicar este trabalho estão fazendo sua parte com a prisão e condenação de pessoas que cometem crimes de racismo. Isso é uma inovação no Brasil.

Mas e o setor privado?
Temos empresas em diversos estágios. Desde as iniciantes até algumas empresas muito mais estruturadas na questão. Mas o que está claro é que hoje há um movimento que exige ainda mais inclusão social. Quem não tratar essa agenda, está fora do mercado.