Uma das ações de recrutamento mais comentadas em 2020, o programa de seleção de trainees para pessoas negras lançado pelo Magazine Luiza chegou ao fim este mês com 22,5 mil inscritos do País inteiro, 19 finalistas e uma repercussão pública que comprova que o tema está ganhando cada vez mais espaço na agenda da sociedade.

Dentro do ambiente corporativo, assim como aconteceu na rede varejista, a relevância do assunto também cresce. De acordo com pesquisa da PwC, 76% dos executivos entrevistados afirmaram que diversidade e inclusão (D&I) são valores ou prioridades dentro de suas companhias — e mais de 30% disseram que a falta de diversidade em seus quadros é uma barreira ao avanço dos negócios.

O estudo foi realizado com 3 mil participantes de 25 indústrias em 40 países. Apesar do discurso, na prática as ações para que o tema se torne de fato parte da estratégia ainda são tímidas: quase 30% das companhias não têm um líder de D&I e somente 17% possuem uma função de diversidade no nível executivo. Além disso, apenas 26% têm meta relacionada ao assunto.

A falta de diversidade é refletida também nos conselhos de administração. De acordo com o Board Index 2020, da consultoria Spencer Stuart, irrisórios 9,3% das cadeiras em Conselhos de empresas abertas brasileiras têm mulheres como titulares. Diante desse dado, cinco entidades que compõem o Programa Diversidade em Conselho (PDeC) acabam de enviar carta aberta ao mercado pedindo mais diversidade nos colegiados. São elas: B3, Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), International Finance Corporation (IFC), consultoria Spencer Stuart e WomenCorporateDirectors (WCD).

Segundo o texto, “é comprovado que a diversidade impacta positivamente no desempenho da empresa e traz capacidade de inovação para os negócios. Mas ainda se observa que a maior parte dos conselhos é pouco plural”. Para mudar o panorama, o PDeC se dispôs a ajudar empresas a buscar executivas com o perfil de que precisam.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1206 da Revista Dinheiro)