Desde o início da coluna Diversidade Corporativa, há pouco mais de três anos, procuramos neste espaço ir muito além de escrever artigos sobre o tema, e trazer também para o centro do debate pessoas que estão fazendo a diferença tanto no meio corporativo nas áreas de sustentabilidade dentro e fora das empresas, em um planeta cada vez mais diverso e bastante ameaçado.

Passaram por aqui, em entrevista, exemplos de sucesso, em sua maioria CEOs, que têm entendido que a empresa local, nacional ou global que não entender a diversidade como espinha dorsal da sustentabilidade estará fadada a desaparecer em poucos anos.

No mês passado pude entrevistar a norte-americana Verônica Cook-Euell, gerente do programa de diversidade de fornecedores da Kent State University, que dissertou sobre o fomento da cadeia de fornecedores em diversidade, algo muito forte nos Estados Unidos.

Seu trabalho é de tamanha relevância naquele país que recentemente foi eleita Advogada do pelo estado de Ohio, título concedido àqueles que apoiam o desenvolvimento de negócios minoritários em seu estado.

O investimento na diversidade, segundo VerônicaCook-Euell, deve ir muito além das fronteiras das companhias, mas elas, as companhias, podem ser a mola precursora desse movimento que pode ter um forte impacto social onde todos ganham com um maior desenvolvimento social.

Quando perguntei a ela porque investir na diversidade, ela foi taxativa:

“Se grandes empresas como Google, Microsoft, IBM, Coca Cola estão nesse negócio, é porque, além de tudo, deve ser muito bom para o business. Estou falando das maiores empresas do planeta”. E continuou: “Onde você quer estar: ao lado dessas empresas ou daquelas que ainda não saíram do século passado?”

Quase num tom de provocação perguntei a ela por que grupos minoritários na escala de poder como mulheres e LGBT+ têm avançado mais na luta por igualdade que os negros? Em sua resposta, A advogada e ativista por diversidade nos leva a refletir e ter um olhar mais apurado e diferenciado do que costumamos tratar o assunto:

“Pode parecer contraditório, mas vou dizer: sou mulher e tenho consciência que a coisa não está fácil para nós, mulheres. No meu país, as mulheres ainda recebem menos da metade que os homens, ainda ocupam, na maioria das vezes, cargos inferiores”.  “Porém, temos que fazer lutas diferentes. Sou mulher, sendo negra sou duplamente discriminada. Se for deficiente física e veterana de guerra, piorou. Mas tenho que separar todas essas coisas e, caso você perceba que a questão racial é a que mais marca a discriminação, é ela que tem que ser atacada. Ela que tem que ser o foco, as empresas que trabalham com inclusão têm que ter isso como premissa. Fazer o trabalho mais difícil, porque os outros caminham juntos! Eu quero defender lutas diferentes!”

Sobre empreendedorismo e diversidade, o forte de sua atuação, ela mais uma vez foi contundente, quando comparou Brasil e Estados Unidos:

“Sobre diversidade e empreendedorismo as companhias têm que ter uma atitude diferenciada, o olhar das companhias para os contratos com fornecedores, com colaboradores, para as estruturas que geram renda e sustentabilidade, tem que levar em conta aqueles que estão do outro lado do muro; quando você não os vê em sua estrutura, é sinal de que tem algo errado, e o que está errado é o processo estarrecedor de exclusão que ainda temos em nossa sociedade, é isso que precisamos combater.”