Um grupo de dissidentes sauditas exilados em países como Grã-Bretanha e Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira a criação de um partido, o primeiro movimento de resistência contra o regime do rei Salman.

A Arábia Saudita é uma monarquia absoluta que não tolera qualquer oposição política, e a criação deste partido ocorre em um contexto de crescente repressão contra os dissidentes.

As autoridades não reagiram a este anúncio até o momento.

“Anunciamos a criação do Partido da Assembleia Nacional, que visa instituir a democracia como forma de governo no reino da Arábia Saudita”, explicaram os dissidentes em nota.

O partido é liderado pelo ativista de direitos humanos Yahya Assiri em Londres, e seus membros incluem o acadêmico Madawi al Rasheed; o pesquisador Saeed bin Nasser al Ghamdi; Abdullah Alaoudh, baseado nos Estados Unidos; e Omar Abdulaziz, que reside no Canadá, informaram à AFP fontes próximas ao partido.

Essa vertente política representa, segundo especialistas, um novo desafio para os líderes sauditas, que enfrentam a queda dos preços do petróleo e se preparam para receber o G20 em novembro.

“Lançamos este partido em um momento crítico para tentar salvar nosso país […], estabelecer um futuro democrático e responder às aspirações de nosso povo”, disse à AFP Yahya Assiri, que ocupa o cargo de secretário-geral do partido.

Assiri, um ex-oficial da Força Aérea Saudita, é o fundador da organização de direitos humanos ALQST, com sede em Londres.

A Arábia Saudita é alvo de críticas internacionais por seu histórico em direitos humanos. As críticas se tornaram mais acentuadas desde que Mohamed bin Salman, apresentado como reformador, se tornou príncipe herdeiro em 2017.