Apesar do avanço da oposição, a junta militar, que tomou o poder na Tailândia com um golpe em 2014, está em uma boa posição para manter o poder no reino, um dia depois das eleições legislativas salpicadas de alegações de fraude e de irregularidades.

Os resultados finais serão conhecidos em 9 de maio.

Mas, de acordo com os resultados parciais, com 94% dos votos apurados, o Palang Pracharat, partido da junta, recebeu mais de 7,6 milhões de votos (de um total de 50 milhões), enquanto o principal partido da oposição, o Pheu Thai, recebeu 7,2 milhões.

O Pheu Thai, partido do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, atualmente no exílio, venceu todas as eleições nacionais neste século. Por este motivo, o resultado do partido da junta provocou uma grande surpresa.

Apesar de o partido da junta militar aparecer com uma pequena vantagem sobre a oposição, até o momento demais partidos evitaram falar de vitória.

“Não somos como os outros países, que formam governo no dia seguinte. Na Tailândia temos primeiro que verificar que a apuração é correta”, afirmou Jarungwit Phumma, da Comissão Eleitoral.

Mas analistas ressaltam a dificuldade que o vencedor terá em governar: se nenhum partido obtiver a maioria, precisará negociar para formar uma coalizão.

Durante anos, a Tailândia tem estado profundamente dividida entre facções favoráveis à influente família Shinawatra (os “vermelhos”) e uma elite conservadora unida por trás das Forças Armadas (os “amarelos”) que é apresentada como garantia de estabilidade e proteção da monarquia.

A eleição de domingo, considerada um referendo a favor ou contra os militares no poder, foi desenvolvida de acordo com uma nova lei eleitoral complexa ditada pela Junta.

Além disso, várias acusações foram apresentadas a respeito de compra de votos e da parcialidade da Comissão Eleitoral, nomeada pela Junta.

Quase dois milhões de cédulas foram invalidadas em consequência de um sistema de voto que provocava confusão.

“Enquanto respirarmos, não abandonaremos”, comentou Thaksin no Facebook.

O partido ainda pode sair vitorioso, graças às alianças e a um sistema eleitoral complexo, não proporcional ao número de votos registrados.

Mas o partido da junta tem uma vantagem. O Palang Pracharat precisa obter apenas 126 cadeiras das 500 na Câmara de Representantes para conservar o controle do país, porque os militares têm assegurado o apoio de 250 senadores, nomeados diretamente.

O Pheu Thai precisaria obter 376 cadeiras para formar o governo, apesar da hostilidade dos 250 senadores pró-junta.

A imprensa tailandesa destaca nesta segunda-feira a dificuldade dos vencedores dos dois lados para formar uma coalizão de governo, pois as novas regras eleitorais limitam a possibilidade de que apenas um partido conquiste sozinho a maioria ampla.

As regras foram criadas especialmente para limitar o êxito do Pheu Thai.

O jornal Khaosod prevê uma disputa acirrada entre os dois grandes partidos e afirma que o Partido Democrata (conservador) foi “extinto” e suplantado pelo partido criado pela junta.

Outra surpresa é o bom resultado do novo partido de oposição Future Forward, muito popular entre os jovens, com mais de 5,3 milhões de votos e que pode ser decisivo.

Há vários anos a Tailândia está profundamente dividida entre grupos favoráveis à influente família Shinawatra (chamados de “vermelhos”) e uma elite conservadora alinhada com o exército (os “amarelos”), que se considera a única garantia da estabilidade e de proteção da monarquia.

No momento, a oposição mantém a discrição em suas acusações de possível fraude e parcialidade da Comissão Eleitoral.

Mas nas redes sociais, os eleitores demonstram sua irritação. Uma petição com mais de 400.000 assinaturas exige a dissolução da Comissão Eleitoral.