Os diretores do Banco Central reafirmaram nesta segunda-feira, 6, em reunião com economistas no Rio de Janeiro, que o atual cenário econômico “prescreve antecipação do ciclo de distensão da política monetária”. A afirmação consta em nota publicada sobre o encontro com economistas, cujo texto trouxe os principais pontos da fala dos diretores no Rio.

Segundo a nota divulgada pela assessoria de imprensa do BC, o cenário básico do Comitê de Política Monetária (Copom) “prescreve” a antecipação do ciclo diante das “expectativas de inflação ancoradas, projeções de inflação na meta para 2018 e marginalmente abaixo da meta para 2017, e elevado grau de ociosidade na economia”.

Esse entendimento, nota o BC, já havia sido comunicado ao mercado na ata da reunião de fevereiro do Copom e também nos documentos relacionados ao encontro anterior, realizado no início de janeiro.

Cenário de referência

Na mesma reunião, o BC voltou a defender a exclusão das projeções do cenário de referência no comunicado divulgado logo após a reunião de fevereiro do Copom. Os diretores da instituição defenderam a exclusão dessas estimativas com juro e câmbio constantes pela “relevância das diferentes hipóteses” de acordo com o momento econômico.

“A divulgação de projeções condicionais de inflação nos cenários produzidos pelo Copom faz parte da sua comunicação. A relevância das diferentes hipóteses subjacentes às projeções varia com o estado da economia e com o momento do ciclo de negócios e da política monetária”, argumentaram os diretores do BC. “Dessa forma, o Copom pode decidir enfatizar projeções sob determinado conjunto de hipóteses que são mais informativas em determinado momento.”

Diante dessa avaliação, os diretores do BC defenderam que a “exclusão das projeções no cenário com taxas de juros e câmbio constantes do Comunicado da 205ª reunião do Copom foi decidida com base nesse princípio”. “Esse cenário, como os outros, continuará sendo divulgado nos Relatórios de Inflação”, citaram os diretores da casa.

Preços

Os diretores do Banco Central defenderam também na reunião que, com as expectativas de inflação ancoradas, o trabalho da casa poderá se concentrar em evitar que ajustes de preços gerem efeitos secundários na inflação – seja para cima ou para baixo.

“O ambiente com expectativas de inflação ancoradas permite ao Copom se concentrar em evitar possíveis efeitos secundários de ajustes de preços relativos que possam ocorrer ao longo do tempo”, cita a nota. “Essa prescrição é simétrica – ou seja, vale para choques favoráveis ou adversos sobre a inflação. Em particular, isso se aplica ao choque de oferta favorável nos preços de alimentos”, destaca o texto divulgado pelo BC.

Juro neutro

Os diretores do Banco Central voltaram a frisar que o juro neutro no Brasil depende de vários fatores e essas estimativas sobre o patamar da taxa estrutural “invariavelmente envolvem elevado grau de incerteza e, por isso, necessariamente envolvem julgamento”. O juro neutro, porém, não é o único fator que determinará a extensão do ciclo de afrouxamento monetário em curso, notam os diretores.

Em nota sobre a fala dos diretores do BC em reunião com economistas no Rio de Janeiro, a instituição cita que os membros do Copom frisaram que “as estimativas da extensão do ciclo de flexibilização monetária em curso dependem não apenas da trajetória vislumbrada para a taxa de juros estrutural da economia”. Esse ciclo também será influenciado pela “evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco mencionados na decisão da 205ª reunião do Copom, e das projeções e expectativas de inflação”.

Na ata da reunião divulgada na semana passada, o Copom citou que o juro neutro depende de fatores como “crescimento da produtividade da economia, perspectivas para a política fiscal, qualidade do ambiente contratual e de negócios, eficiência na alocação de recursos via sistema financeiro e qualidade das políticas econômicas”.

Segundo a agenda do BC, participaram do encontro os diretores Carlos Viana de Carvalho (Política Econômica) Tiago Couto Berriel (Assuntos Internacionais) e Reinaldo Le Grazie (Política Monetária).