As apresentações de diretores do Banco Central (BC) em eventos realizados em Washington por ocasião da reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial classificam como adequado o ritmo de afrouxamento monetário no Brasil. Mas ponderam que o contexto econômico exige que a autarquia monitore o desenvolvimento de fatores determinantes à antecipação do ciclo de redução da taxa básica de juros.

Publicadas no site do BC, as anotações usadas pelos diretores Carlos Viana (Política Econômica) e Tiago Berriel (Assuntos Internacionais) nas apresentações que estão sendo feitas entre esta quinta-feira, 20, e sábado, 22, na capital americana reforçam a mensagem – divulgada no último comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) – de que o grau de antecipação do ciclo de distensão monetária vai depender da evolução da atividade econômica e das expectativas de inflação.

Num contexto em que as expectativas em relação à inflação estão ancoradas, a flexibilização monetária, combinada a outros esforços de política econômica, deve contribuir à retomada econômica, conforme os diretores. Eles também reafirmam que quanto mais o País perseverar nas reformas e ajustes econômicos, mais rápida será a recuperação econômica e a criação de empregos e renda dos brasileiros.

Inflação

Para os diretores do BC, a inflação deve mostrar maior volatilidade entre abril e maio em decorrência de revisões temporárias da tarifa de energia de Angra 3. Mas esse tipo de volatilidade, acentuada e atípica, não tem implicações relevantes na condução da política monetária, dizem eles.

Segundo os representantes do BC nos eventos que estão acontecendo na capital americana por ocasião da reunião do FMI e do Banco Mundial, uma queda de 0,3 a 0,4 ponto porcentual está prevista no IPCA em abril com a restituição de valores indevidos pagos, no passado, por consumidores da energia produzida em Angra 3. Mas a normalização nas tarifas deve provocar uma alta de magnitude parecida em maio, com efeitos residuais em junho.

Nas apresentações, Viana e Berriel destacam que o BC e o governo têm conseguido conter a inflação e ancorar expectativas de preços nos últimos meses. Eles frisam que a inflação em 12 meses caiu de 10,7% em dezembro de 2015 para 4,6% em março deste ano. Lembram ainda que as expectativas do mercado para a inflação deste ano estão em aproximadamente 4,1%, passando para 4,4% em 2018 e cerca de 4,25% para 2019 e horizontes mais longos.

Não apenas as expectativas de mercado, mas também as previsões do Comitê de Política Monetária (Copom) – de 4,1% neste ano e por volta de 4,5% em 2018 – indicam um cenário benigno, comentam. Esse cenário leva em consideração a taxa de juros prevista pelo mercado no boletim Focus: de 8,5% no fim deste ano, permanecendo nesse patamar até o fim de 2018.