Um estudo publicado na revista científica Nature Communications revela que os dinossauros já estavam em declínio por até 10 milhões de anos antes do asteroide que colidiu com a Terra e selou o destino dos répteis gigantes há cerca de 66 milhões de anos.

“Observamos as seis famílias de dinossauros mais abundantes em todo o Cretáceo [entre 145 e 65 milhões de anos atrás], e descobrimos que todos estavam evoluindo e se expandindo e claramente sendo bem-sucedidos. Então, há 76 milhões de anos, eles apresentaram um declínio repentino. As taxas de extinção aumentaram e, em alguns casos, a taxa de origem de novas espécies caiu”, conta o pesquisador Fabien Condamine, do Instituto de Ciências da Evolução de Montpellier, na França, principal autor do estudo, citado pelo site da Universidade de Bristol, no Reino Unido, que também participou da pesquisa.

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Foram usados modelos com base na inferência bayesiana [método estatístico que inclui suposições] para explicar vários tipos de incertezas, como registros fósseis incompletos, datação e modelos evolutivos. Cada um dos modelos foi executado milhões de vezes para considerar todas as possíveis fontes de erro e descobrir se as análises convergiriam para um resultado mais provável.

“Em todos os casos, encontramos evidências do declínio antes do impacto do bólido. Também observamos como esses ecossistemas de dinossauros funcionavam e ficou claro que as espécies que se alimentavam de plantas tendiam a desaparecer primeiro, e isso tornou o ambiente deles mais instável e sujeito a entrar em colapso se as condições ambientais piorassem”, explica o pesquisador Guillaume Guinot, do Instituto de Ciências da Evolução de Montpellier, um dos autores do estudo, também citado pela universidade britânica.

Os cientistas avaliaram mais de 1.600 registros de dinossauros que viveram no período Cretáceo e que eram provenientes da América do Norte, Mongólia, China e outras áreas.

“Nas análises, exploramos diferentes tipos de causas possíveis para o declínio dos dinossauros. Ficou claro que havia dois fatores principais. Primeiro, o clima geral estava ficando mais frio, tornando a vida mais difícil para os dinossauros, que dependiam de temperaturas altas. Então, a perda dos herbívoros deixou o ecossistema instável e propenso à extinção em massa”, esclarece o pesquisador Mike Benton, da Universidade de Bristol, que também participou do estudo e foi citado pelo site da instituição de ensino.

Esse foi um momento chave na evolução da vida. O mundo foi dominado pelos dinossauros por mais de 160 milhões de anos e, à medida que suas espécies reduziam, outros grupos começaram a dominar, incluindo os mamíferos.

De acordo com a pesquisa, os dinossauros eram tão grandes que provavelmente ignoravam a existência dos pequenos mamíferos peludos que viviam na vegetação rasteira. Mas as espécies de nossos ancestrais começaram a aumentar antes que os répteis gigantes tivessem desaparecido. Após o impacto na península de Yucatán, no México, os mamíferos passaram a dominar o planeta.