PAPÉIS AVULSOS
O big bang da Brascompany

” Criamos uma das três maiores companhias do mercado imobiliário “

NICHOLAS READE, presidente da Brascan Residential Properties
 

 

Mais uma fusão agita o setor imobiliário na Bolsa de Valores. A Brascan Residential Properties anunciou a fusão com a Company na quarta-feira 10. O negócio, fechado poucos dias depois da incorporação da Construtora Tenda pela Gafisa, acentua a consolidação setorial dos últimos meses. Em junho, a Cyrella comprou a Agra. Em agosto, a Brasil Brokers levou o braço imobiliário da Abyara. Há 33 empresas do ramo na BM&FBovespa e o momento é propício para novas negociações. Quem serão os próximos alvos? A gênese da “Brascompany” foi a necessidade de ambas ganharem musculatura para jogar no primeiro time, disputando mercado com as líderes Cyrella, Gafisa, JHSF, PDG Realty e Rossi. “Criamos uma das três maiores companhias do mercado imobiliário”, afirma o presidente da Brascan, Nicholas Reade. Na lógica da operação, um mais um vale mais do que dois. “O mercado vai perceber que as empresas combinadas valerão mais do que hoje”, diz Luiz Rogério Tolosa, diretor financeiro da Company. Esta será absorvida pela Brascan e representará 29% da companhia. Os acionistas receberão R$ 200 milhões (R$ 2,7775 por ação) em dinheiro e dividendos, além de 1,0690 ação da Brascan para cada uma da Company. Não haverá oferta pública para os minoritários, pois não houve venda de controle. Todos os sócios e diretores da companhia absorvida seguirão na Brascan. E a marca Company será mantida em São Paulo, seu principal mercado.

DESTAQUE NO PREGÃO
Iara em alta

As reservas do poço Iara na Bacia de Santos foram estimadas em três a quatro bilhões de barris de óleo pela Petrobras na quarta-feira 10. A notícia causou euforia no mercado. Enquanto o preço do barril caía na Bolsa de Nova York, as ações PN da empresa subiam 9,48% na BM&FBovespa. Segundo o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), a exploração começará em um ano ou dois. O óleo é de alta qualidade, como o de Tupi, avaliado em cinco a oito bilhões de barris. A camada pré-sal, como diz o presidente Lula, é realmente um bilhete premiado de loteria. “Mas ainda falta saber quanto custa para tirar isso de lá”, alerta Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura.

PALAVRA DE ANALISTA

A proposta de criação de uma nova estatal do petróleo não deve afetar a Petrobras na exploração dos campos de Tupi e Iara, afirma Luiz Otavio Broad, analista da Ágora Corretora. “Essas áreas são de concessão da Petrobras. O governo não pode interferir”, diz. Nem mesmo a queda do petróleo a US$ 100 na semana passada pareceu afetar o desempenho do papel.”O que importa para a Petrobras é o preço do barril em reais. Com o dólar em alta, ela consegue manter o equilíbrio”, afirma. Em relação ao desempenho da ação até o final de 2008, Broad acredita em uma recuperação e na vantagem do papel em relação ao Ibovespa. “Ela vai ter um desempenho melhor que o índice até dezembro.”
 

FERTILIZANTES
Yara em baixa

As ações das empresas de fertilizantes caíram bastante nos últimos dias, apesar do recuo nos preços do petróleo, usado como matéria- prima em alguns produtos. As preferenciais da Yara Brasil cederam 6,74% em sete dias, até a quinta-feira 10. As da Fosfértil perderam 11,43% e as ordinárias da Heringer, 8,3%. Com poucos negócios, a ação da novata Nutriplant desvalorizou- se 8,1% em 30 dias. O que está acontecendo? O problema é que a retração nas cotações das commodities agrícolas força a balança para o outro lado, pois diminui a demanda dos produtores de alimentos, os maiores compradores de fertilizantes. A analista Denise Messer, da Brascan Corretora, vê esse mercado com otimismo, apesar da alta volatilidade. “O cenário ainda é positivo porque a demanda por alimentos continua muito forte”, diz.