18/06/2008 - 7:00
PAPÉIS AVULSOS
Um caminhão de dinheiro
A Vale anunciou na terçafeira 10 a intenção de realizar uma oferta pública de ações de US$ 15 bilhões (quase R$ 25 bilhões). O caminhão de dinheiro será utilizado para financiar um ambicioso projeto de crescimento que prevê investimentos de US$ 59 bilhões. O lado bom dessa história é que, ao emitir ações, uma companhia consegue bancar seus projetos sem ter de recorrer a empréstimos bancários ou emissão de títulos de dívida. “É um reforço de caixa positivo, pois é uma base permanente de capital”, avalia Reginaldo Takara, analista da Standard & Poor’s. Ele espera mais detalhes para ver o impacto da operação no risco de crédito da Vale, atualmente classificada como BBB em moeda estrangeira. Tudo vai depender de como o dinheiro será usado. Se for para comprar uma concorrente por um valor maior e o restante for emprestado, o resultado poderá afetar o endividamento da companhia, atualmente em US$ 20,5 bilhões. A indefinição inicial fez as ações da mineradora caírem logo após o anúncio, mas analistas fizeram uma avaliação positiva. Para Carlos Fernando Kochenborger, da Geração Futuro, o mercado pergunta se é o melhor momento para a Vale ir às compras. Ele mesmo responde: “É um bom momento, pois os preços dos metais ainda vão se manter elevados por um bom tempo”, diz ele. Outra dúvida é o tipo de ação que será emitida. Se forem ordinárias, grandes acionistas terão de aportar capital para manter a participação. Se forem preferenciais, os minoritários podem ter a participação diluída.
DESTAQUE NO PREGÃO A Net Serviços sofreu um baque na segunda-feira 9 e suas ações PN caíram 5%. A cobrança do ponto extra da tevê por assinatura na casa do assinante, uma de suas fontes de receita, foi suspensa por 60 dias pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A Net não divulga quanto perderá de receitas e o mercado desconfia que isso deverá afetar os resultados da empresa comandada por Francisco Valim. E o Projeto de Lei 29 (PL 29), em tramitação no Congresso, pode mudar o setor de serviços. As empresas de telefonia estão aguardando autorização para prestar serviços de tevê por assinatura. Em um ano, as ações preferenciais da NET caíram 32,9%. Procurada, a empresa não quis comentar. PALAVRA DE ANALISTA O analista Alex Pardellas, do Banco Banif, diz que a determinação da Anatel é negativa para o desempenho financeiro da Net, mas o impacto ainda é desconhecido. Além disso, a expectativa é que essa regra passe de provisória para definitiva. Na análise de Pardellas, a indefinição do setor com a PL 29 é um problema para a empresa. Principalmente porque o aumento de clientes em outro tipo de serviço prestado, a banda larga, não compensará a divisão de clientes com a esperada entrada de novos concorrentes na tevê a cabo, como as empresas de telefonia. A recomendação do analista é a venda da ação. |
OGX A OGX Petróleo e Gás Participações concluiu o IPO e fez sua estréia na BM&F Bovespa na sexta-feira 13. Foi um dia de sorte para o principal acionista, o empresário Eike Batista. Os primeiros negócios apontaram alta de 18,9% em relação ao preço de lançamento (R$ 1.131,00 por ação) A primeira parte da emissão das ordinárias OGXP3, negociadas no Novo Mercado, rendeu R$ 6,7 bilhões, no maior IPO da história da bolsa brasileira. Os investidores se animaram com o time que irá tocar a empresa. Dentre os conselheiros estão os ex-ministros Eliezer Batista, Rodolpho Tourinho Neto e Pedro Malan, o ex-presidente da Petrobras Francisco Gros. “Tenho complexo de Schumacher”, disse Eike Batista logo após o início do pregão. “Subir no pódio é bom, mas o melhor mesmo é ser o número 1”. |
QUEM VEM LÁ Se nunca ouviu falar dela, prepare-se para conhecê- la. A Ersa, uma empresa de geração de energia fundada há um ano pela Pátria Investimentos, pode ser a nova candidata a estrear na BM&F Bovespa. A companhia tem planos ambiciosos: investir R$ 12,3 bilhões para ter uma capacidade de geração de 2,6 mil megawatts de energia elétrica. E daí? A Ersa quer ser uma gigante em cinco anos e, para isso, vai precisar do dinheiro dos investidores. Segundo o sócio do Pátria Octavio Castello Branco, a abertura de capital é uma das possibilidades na mesa. Logicamente, tudo vai depender do apetite do mercado por novas ações. As bolsas andam muito nervosas, mas o IPO da OGX mostrou que há dinheiro para bons projetos. Como tudo na vida, é uma questão de preço. Quanto os sócios da Ersa estão dispostos a aceitar? FIQUE DE OLHO: o xerife está bravo. Duas corretoras, a Intra e a Interfloat, usaram material de divulgação não aprovado pela CVM e ficaram de fora da distribuições das ações da OGX. |
TOURO X URSO | |||
A ata do Comitê de Política Monetária divulgada na semana passada indicou que a política de aperto monetário poderá ser mais longa do que o previsto. O relatório Focus da segunda-feira 16 mostrará qual é essa tendência. Se por um lado a alta dos juros é ruim, a busca pelo controle da inflação é um importante sinal para manter a confiança dos investidores. Atenção ao vencimento das opções na Bolsa. | Os pessimistas estão de olho, novamente, na economia americana. Importantes indicadores dos EUA serão apresentados nesta semana, como o índice de atividade da construção civil, os novos imóveis em construção e o índice do refinanciamento de hipotecas. A produção industrial dirá qual é o tamanho do apetite de consumo. No Brasil, se passar pelo Senado, a nova CSS poderá causar impacto negativo no mercado de ações. |
EDUCAÇÃO FINANCEIRA O Citibank e a MetLife lançaram o Citi- PrevidênciaKids, um plano de previdência baseado na educação financeira de pais e filhos. O material traz o personagem Snoopy e suas lições de poupança. Para os pais, o Citi oferece uma régua que mostra quanto é preciso poupar mensalmente para alcançar as somas almejadas. “O importante é ensinar o conceito de correção financeira”, diz Elizabeth Gomes, executiva do Citibank. |
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MERCADO EM NÚMEROS BOVESPA 1 ANO KLABIN SEGALL R$ 230 milhões BM&F 335 mil SLC AGRÍCOLA 106% de alta GOL R$ 20,28 |
PERSONAGEM Não se trata do carro de luxo. A última encomenda da Petrobras à Rolls-Royce foi de três turbinas para gerar energia para bombear o gás da plataforma de Mexilhão, em Caraguatatuba (SP). A encomenda, de US$ 50 milhões, é o coração de um projeto no qual a petrolífera está investindo US$ 2 bilhões. Com o aumento da demanda mundial, a Rolls-Royce – que fornece turbinas para companhias de petróleo, indústrias e empresas aéreas – alongou os prazos de entrega. Mais um sinal de que a exploração dos novos campos, como o Tupi, não será tão rápida. Gilberto Bueno, diretor da Rolls-Royce Brasil, falou à DINHEIRO:
DINHEIRO – Há um temor de que as novas descobertas de petróleo e gás exigirão um volume muito grande de equipamentos para serem exploradas e as fornecedoras das petrolíferas não estariam capacitadas para atender essa nova demanda. Procede? GILBERTO BUENO – A demanda mundial está muito aquecida. Dois anos atrás, os nossos prazos de entrega eram de 12 a 14 meses. Hoje, estão por volta de 20 a 24 meses. Isso, antes das encomendas para a Tupi. Com o petróleo a US$ 130 o barril, muitos projetos ficam viáveis. DINHEIRO – Vai faltar equipamento para as petrolíferas? DINHEIRO – E os preços estão subindo muito? DINHEIRO – O setor de aviação também sofre com as altas de preços? DINHEIRO – A construção de novas hidrelétricas no Brasil afeta a demanda pelas turbinas para usinas térmicas? |
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PELO MUNDO
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