PAPÉIS AVULSOS
Um caminhão de dinheiro

A Vale anunciou na terçafeira 10 a intenção de realizar uma oferta pública de ações de US$ 15 bilhões (quase R$ 25 bilhões). O caminhão de dinheiro será utilizado para financiar um ambicioso projeto de crescimento que prevê investimentos de US$ 59 bilhões. O lado bom dessa história é que, ao emitir ações, uma companhia consegue bancar seus projetos sem ter de recorrer a empréstimos bancários ou emissão de títulos de dívida. “É um reforço de caixa positivo, pois é uma base permanente de capital”, avalia Reginaldo Takara, analista da Standard & Poor’s. Ele espera mais detalhes para ver o impacto da operação no risco de crédito da Vale, atualmente classificada como BBB em moeda estrangeira. Tudo vai depender de como o dinheiro será usado. Se for para comprar uma concorrente por um valor maior e o restante for emprestado, o resultado poderá afetar o endividamento da companhia, atualmente em US$ 20,5 bilhões. A indefinição inicial fez as ações da mineradora caírem logo após o anúncio, mas analistas fizeram uma avaliação positiva. Para Carlos Fernando Kochenborger, da Geração Futuro, o mercado pergunta se é o melhor momento para a Vale ir às compras. Ele mesmo responde: “É um bom momento, pois os preços dos metais ainda vão se manter elevados por um bom tempo”, diz ele. Outra dúvida é o tipo de ação que será emitida. Se forem ordinárias, grandes acionistas terão de aportar capital para manter a participação. Se forem preferenciais, os minoritários podem ter a participação diluída.

DESTAQUE NO PREGÃO
Má notícia para a NET

A Net Serviços sofreu um baque na segunda-feira 9 e suas ações PN caíram 5%. A cobrança do ponto extra da tevê por assinatura na casa do assinante, uma de suas fontes de receita, foi suspensa por 60 dias pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A Net não divulga quanto perderá de receitas e o mercado desconfia que isso deverá afetar os resultados da empresa comandada por Francisco Valim. E o Projeto de Lei 29 (PL 29), em tramitação no Congresso, pode mudar o setor de serviços. As empresas de telefonia estão aguardando autorização para prestar serviços de tevê por assinatura. Em um ano, as ações preferenciais da NET caíram 32,9%. Procurada, a empresa não quis comentar.

PALAVRA DE ANALISTA

O analista Alex Pardellas, do Banco Banif, diz que a determinação da Anatel é negativa para o desempenho financeiro da Net, mas o impacto ainda é desconhecido. Além disso, a expectativa é que essa regra passe de provisória para definitiva. Na análise de Pardellas, a indefinição do setor com a PL 29 é um problema para a empresa. Principalmente porque o aumento de clientes em outro tipo de serviço prestado, a banda larga, não compensará a divisão de clientes com a esperada entrada de novos concorrentes na tevê a cabo, como as empresas de telefonia. A recomendação do analista é a venda da ação.

OGX
Uma estréia bilionária

A OGX Petróleo e Gás Participações concluiu o IPO e fez sua estréia na BM&F Bovespa na sexta-feira 13. Foi um dia de sorte para o principal acionista, o empresário Eike Batista. Os primeiros negócios apontaram alta de 18,9% em relação ao preço de lançamento (R$ 1.131,00 por ação) A primeira parte da emissão das ordinárias OGXP3, negociadas no Novo Mercado, rendeu R$ 6,7 bilhões, no maior IPO da história da bolsa brasileira. Os investidores se animaram com o time que irá tocar a empresa. Dentre os conselheiros estão os ex-ministros Eliezer Batista, Rodolpho Tourinho Neto e Pedro Malan, o ex-presidente da Petrobras Francisco Gros. “Tenho complexo de Schumacher”, disse Eike Batista logo após o início do pregão. “Subir no pódio é bom, mas o melhor mesmo é ser o número 1”.

 

QUEM VEM LÁ
Você conhece a Ersa?

Se nunca ouviu falar dela, prepare-se para conhecê- la. A Ersa, uma empresa de geração de energia fundada há um ano pela Pátria Investimentos, pode ser a nova candidata a estrear na BM&F Bovespa. A companhia tem planos ambiciosos: investir R$ 12,3 bilhões para ter uma capacidade de geração de 2,6 mil megawatts de energia elétrica. E daí? A Ersa quer ser uma gigante em cinco anos e, para isso, vai precisar do dinheiro dos investidores. Segundo o sócio do Pátria Octavio Castello Branco, a abertura de capital é uma das possibilidades na mesa. Logicamente, tudo vai depender do apetite do mercado por novas ações. As bolsas andam muito nervosas, mas o IPO da OGX mostrou que há dinheiro para bons projetos. Como tudo na vida, é uma questão de preço. Quanto os sócios da Ersa estão dispostos a aceitar?

FIQUE DE OLHO: o xerife está bravo. Duas corretoras, a Intra e a Interfloat, usaram material de divulgação não aprovado pela CVM e ficaram de fora da distribuições das ações da OGX.

TOURO X URSO

A ata do Comitê de Política Monetária divulgada na semana passada indicou que a política de aperto monetário poderá ser mais longa do que o previsto. O relatório Focus da segunda-feira 16 mostrará qual é essa tendência. Se por um lado a alta dos juros é ruim, a busca pelo controle da inflação é um importante sinal para manter a confiança dos investidores. Atenção ao vencimento das opções na Bolsa.

Os pessimistas estão de olho, novamente, na economia americana. Importantes indicadores dos EUA serão apresentados nesta semana, como o índice de atividade da construção civil, os novos imóveis em construção e o índice do refinanciamento de hipotecas. A produção industrial dirá qual é o tamanho do apetite de consumo. No Brasil, se passar pelo Senado, a nova CSS poderá causar impacto negativo no mercado de ações.

EDUCAÇÃO FINANCEIRA

O Citibank e a MetLife lançaram o Citi- PrevidênciaKids, um plano de previdência baseado na educação financeira de pais e filhos. O material traz o personagem Snoopy e suas lições de poupança. Para os pais, o Citi oferece uma régua que mostra quanto é preciso poupar mensalmente para alcançar as somas almejadas. “O importante é ensinar o conceito de correção financeira”, diz Elizabeth Gomes, executiva do Citibank.

 

MERCADO EM NÚMEROS

BOVESPA

1 ANO
foi a punição recebida pela BRB DTVM por descumprir dois artigos do código de auto-regulação da Associação Nacional dos Bancos de Investimento. Durante esse período, a instituição está proibida de utilizar o selo da Anbid.

KLABIN SEGALL

R$ 230 milhões
é a captação planejada pela incorporadora Klabin Segall com a emissão de 23 mil debêntures simples, no valor unitário de R$ 10 mil. O dinheiro será destinado para a aquisição de terrenos (15%) e desenvolvimento imobiliário (85%).

BM&F

335 mil
contratos agropecuários foram negociados em maio na Bolsa de Mercadorias & Futuros. A marca é recorde para um único mês e equivale a todas as negociações realizadas nesse contrato na BM&F nos cinco primeiros meses de 2007. O volume financeiro foi de R$ 5 bilhões.

SLC AGRÍCOLA

106% de alta
foi obtida pela SLC Agrícola na Bolsa um ano após a abertura de capital. Avaliada em R$ 1,2 bilhão quando estreou, a empresa atingiu um valor de mercado de R$ 2,6 bilhões na semana passada. A SLC prepara uma nova oferta primária de ações que pode chegar a R$ 390 milhões.

GOL

R$ 20,28
foi o valor dos papéis PN da GOL no fechamento do pregão da quarta- feira 11. O valor é o menor desde a estréia da companhia na Bovespa em 2004.

PERSONAGEM
O Rolls-Royce da Petrobras

Não se trata do carro de luxo. A última encomenda da Petrobras à Rolls-Royce foi de três turbinas para gerar energia para bombear o gás da plataforma de Mexilhão, em Caraguatatuba (SP). A encomenda, de US$ 50 milhões, é o coração de um projeto no qual a petrolífera está investindo US$ 2 bilhões. Com o aumento da demanda mundial, a Rolls-Royce – que fornece turbinas para companhias de petróleo, indústrias e empresas aéreas – alongou os prazos de entrega. Mais um sinal de que a exploração dos novos campos, como o Tupi, não será tão rápida. Gilberto Bueno, diretor da Rolls-Royce Brasil, falou à DINHEIRO:

 

A demanda mundial está muito aquecida
GILBERTO BUENO, diretor de energia da Rolls- Royce Brasil

 

DINHEIRO – Há um temor de que as novas descobertas de petróleo e gás exigirão um volume muito grande de equipamentos para serem exploradas e as fornecedoras das petrolíferas não estariam capacitadas para atender essa nova demanda. Procede?
 

GILBERTO BUENO – A demanda mundial está muito aquecida. Dois anos atrás, os nossos prazos de entrega eram de 12 a 14 meses. Hoje, estão por volta de 20 a 24 meses. Isso, antes das encomendas para a Tupi. Com o petróleo a US$ 130 o barril, muitos projetos ficam viáveis.

DINHEIRO – Vai faltar equipamento para as petrolíferas?
BUENO – Não. Talvez os prazos sejam diferentes. Todos os fabricantes estão se adequando, melhorando processos. Tempo é dinheiro e obra que demora custa mais caro. Há poços de todos os lados. Nossos fornecedores também pedem prazos maiores. A cadeia toda está com muita demanda.

DINHEIRO – E os preços estão subindo muito?
BUENO – O valor do dólar, que é referência, abaixou muito. Então, muitos preços aumentaram. Uma turbina vendida hoje por US$ 15 milhões custava US$ 12 milhões há três anos. Muitos componentes são baseados em metais. E o aço está mais caro. O cobre, também. Em euros e em reais, tudo subiu menos. O dólar é que ficou o patinho feio da história.

DINHEIRO – O setor de aviação também sofre com as altas de preços?
BUENO – Quando o petróleo estava entre US$ 70 e US$ 100 o barril, as companhias aéreas demandavam aviões novos mais econômicos. Essa troca começou no ano passado. E há diminuição de aeronaves no ar para reduzir custos.

DINHEIRO – A construção de novas hidrelétricas no Brasil afeta a demanda pelas turbinas para usinas térmicas?
BUENO -A questão é que a oferta de gás natural está muito questionável para os próximos anos. O preço é diretamente ligado ao do petróleo. Com isso, as usinas térmicas passam a perder competitividade. Haverá mais oportunidades para turbinas a gás a partir de 2012, quando aumentar a oferta de gás.

 

PELO MUNDO

 

A NOVA DE SLIM

A Telmex International, controladora das operações da empresa de Carlos Slim na América Latina (exceto México), abriu capital em Nova York e no México no último dia 11. A estréia na Nyse foi marcada por 5% de alta.

ALCOA EM CHEQUE

O índice Dow Jones vem acumulando quedas consecutivas ao longo do mês. A última, na última quarta-feira 11, foi puxada pela queda das ações da Alcoa. A gigante do alumínio caiu 8% (US$ 3,40), após o JP Morgan anunciar que a empresa não está cogitando ser vendida.

ZARA VERSUS GAP

O grupo Inditex, presidido por Amancio Ortega e controlador da marca Zara, acaba de superar a varejista americana GAP em vendas no primeiro trimestre. As cifras somam 2,2 milhões de euros, contra os 2 milhões anunciados pela GAP no período. Os resultados não animaram muito. As ações da Inditex subiram apenas 0,2% em Madri.

B&B NA LISTA NEGRA

A crise do subprime continua. Não somente nos Estados Unidos, epicentro do terremoto financeiro do mercado imobiliário, mas também na Inglaterra. Uma das vítimas foi a companhia hipotecária inglesa Bradford & Bingley. Os analistas recomendam a venda de seus papéis, que chegaram a valer 473 libras em 2007 e agora estão cotados em 72 libras, queda de 85%. Os executivos da empresa anunciaram que estão comprando ações da B&B para estimular a liquidez e manter o preço