A crise provocada pelo novo coronavírus elevou a demanda dos brasileiros por dinheiro em espécie. Dados divulgados nesta quarta-feira, 29, pelo Banco Central mostram que de fevereiro – antes da pandemia – para junho o Papel Moeda em Poder do Público (PMPP) saltou 28,9%, de R$ 210,227 bilhões para R$ 270,899 bilhões. Este é o maior valor da série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2001.

O movimento chama a atenção por ocorrer em um momento da história econômica em que os países têm elevado as iniciativas para uso da tecnologia em transações comerciais – o que reduz a necessidade de papel moeda. Com a pandemia, porém, o cenário mudou: um montante adicional de R$ 60,672 bilhões em cédulas está em circulação no Brasil.

De acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, o aumento do papel moeda nas mãos do público nos últimos meses foi causado pela demanda da população com a liberação do auxílio emergencial mensal de R$ 600 pelo governo, durante a pandemia.

“Se a população tem demanda por papel moeda, a função do BC é sancionar essa demanda. Se a população tem maior demanda por cédulas e moedas, o BC oferta. Se não fizer isso, haverá falta de numerário. Se a demanda cai, uma parcela disso é recolhida”, explicou Rocha.

Os dados do BC mostraram ainda que os depósitos à vista – recursos que estão nos bancos – também subiram de fevereiro para junho, em 25,3%. O montante total passou de R$ 199,681 bilhões para R$ 250,112 bilhões. O avanço indica que parte da população que recebeu auxílio do governo não sacou os recursos em espécie, mas sim manteve o dinheiro dentro do sistema financeiro.

Em meio à busca por dinheiro em papel na crise, o Ministério da Economia confirmou em 22 de julho que o BC já solicitou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) um reforço de R$ 437,9 milhões para atendimento do meio circulante. Com estes recursos, será possível elevar em R$ 100 bilhões a emissão de cédulas pela Casa da Moeda.