Pouco depois das 17h da quinta-feira  3, um sino tocou na rua da Consolação, 371, no Centro de São Paulo. Ali fica a sede da agência de fomento Nossa Caixa Desenvolvimento. Tratava-se da comemoração simbólica de dois recordes. O primeiro, a superação da marca de R$ 100 milhões em empréstimos para pequenas e médias empresas paulistas.

O segundo, o de ter atingido, entre as 14 agências similares do País, esse valor em apenas 12 meses. ?Estamos com força máxima?, disse, eufórico, o presidente Milton Luiz de Melo Santos, que comandou o banco Nossa Caixa antes da venda para o Banco do Brasil. Ele procura empresários com fome de bola para cravar um terceiro recorde. Quer chegar ao final do ano com R$ 1 bilhão em empréstimos. ?Não nos falta dinheiro. O desafio é encontrar as empresas e colocar todo esse recurso em circulação?, afirma Santos.
 

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O presidente da agência de fomento, Milton Luiz de Melo Santos, procura empresas menores
 

Em ano eleitoral, e de forte retomada do crescimento econômico, não deve ser difícil encontrar candidatos aos empréstimos de até 60 meses. As taxas de juros começam em 0,49% ao mês, menos que a remuneração da caderneta de poupança. Os critérios de concessão são semelhantes aos praticados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empresas de médio porte. Para capital de giro, a linha mais cara, os juros mensais são de 0,96% e o prazo é de até 12 meses.  Mas o dinheiro é, de certa forma, carimbado. Terão prioridade as companhias com faturamento anual entre R$ 240 mil e R$ 100 milhões dos setores-chave da economia paulista. Por exemplo, empresas da cadeia automobilística, de bens de capital e de agronegócio.

?Estamos focados nos segmentos fundamentais do Estado de São Paulo. Nesses campos, temos uma avenida para crescer?, diz Santos. Questões sociais e de infraestrutura também afetam parte dos desembolsos. Linhas especiais de financiamento foram criadas para atender projetos ambientais e obras emergenciais. A agência emprestou R$ 2,5 milhões para 65 empresários da cidade de São Luiz do Paraitinga, destruída pelas chuvas do início do ano.

O Estado de São Paulo concentra 40% de toda a produção da indústria e responde por um terço do PIB brasileiro. Poucos empresários, no entanto, conhecem a agência de fomento paulista. Para chegar aos clientes potenciais, Santos pretende fazer uma grande campanha de divulgação das linhas de crédito.

E firmará parcerias com entidades de classe, como Abimaq (máquinas), Apas (supermercados) e Fiesp (indústria), entre outras. O apelo é grande. Além do prazo mais longo e dos juros mais em conta, as exigências de garantias são menores do que no sistema bancário tradicional. O que, para muitos, é uma questão de sobrevivência do próprio negócio. ?Crédito mais barato e com prazos mais flexíveis é fundamental para garantir a saúde financeira das pequenas e médias, especialmente em períodos de turbulência, como a que vimos no ano passado?, afirma Miguel Abdo, diretor da consultoria Naxentia.

 

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