Difícil encontrar um trabalhador que nunca tenha ?batido ponto? em um dos relógios da Dimep. Mas o cartão de ponto está sendo aposentado e logo será lembrado apenas no Museu do Relógio que a empresa tem na sua sede, em São Paulo. Na empresa, o sistema antigo aos poucos está saindo da linha de produção. Em seu lugar, estão os modernos crachás eletrônicos, usados na identificação em empresas, condomínios, escolas e eventos. Na realidade, eles marcam também um novo tempo na Dimep. Hoje, os cartões magnéticos já respondem por 90% de sua produção mensal ? e mostram a capacidade da empresa em se adaptar às novas tecnologias.

A empresa detém 60% dos negócios do setor e avança sobre a crescente utilização dos cartões em grandes eventos como carnaval, jogos de futebol e até a corrida de Fórmula 1. Os ingressos de papel estão sendo trocados pelos cartões plásticos, mais difíceis de serem falsificados. ?Nosso futuro é trabalhar com o controle de acesso e segurança e os relógios de ponto vão fazer parte desse todo?, diz Cláudio Santos, superintendente da empresa. Ainda este ano deverá lançar um cartão de acesso no qual a identificação será feita através da impressão digital do dono.

Muita coisa mudou desde que o fundador da Dimep, o professor e engenheiro português Dimas de Melo Pimenta, falecido há quatro anos, fez o primeiro projeto de relógio-ponto. Hoje, 64 anos depois da sua fundação, a Dimep é uma empresa internacional, com produtos espalhados pela África do Sul, Egito, em boa parte da América Latina e na Europa. A empresa produz todo tipo de relógio, desde os pequenos modelos redondos que se vê nas paredes de bancos e hospitais, até os tamanho família, espalhados por praças e fachadas de shoppings. Em 1999, a empresa faturou R$ 22 milhões ? 6% deste total graças às exportações. Este ano, a estimativa é de um aumento de 5% nas vendas.

Mas não é apenas a preocupação tecnológica que garante à Dimep a liderança. Outra palavra-chave é a profissionalização dos negócios. Oito anos atrás, ao perceber que poderia ter problemas de sucessão, Melo Pimenta tirou dois filhos do dia-a-dia da Dimep (ele tinha quatro filhos, dois de cada casamento), promoveu executivos e escolheu Santos, na época diretor-financeiro, para o cargo de superintendente. Aparentemente, foi uma decisão sábia. O negócio continua funcionando sem problemas, enquanto a divisão dos bens do fundador, incluindo o controle da Dimep, está sob inventário. ?A empresa do meu pai só deu certo porque ele tinha duas vocações: a de projetar e a de enxergar oportunidades de bons negócios?, diz o filho Josué. Por isso, os ponteiros dos primeiros cartões de ponto são hoje números digitais.