O diesel alcançou nos últimos dias o valor nominal mais alto da série histórica da Agência Nacional do Petróleo (ANP), iniciada em 2004, e muitos caminhoneiros já indicam a possibilidade de uma greve nas próximas semanas, nos moldes daquelas que pararam o Brasil em 2018. Mais: os problemas envolvendo o combustível estão longe de terminar.

Entre os dias 15 e 21 de maio, o preço do diesel bateu a casa dos R$ 6,943, sendo que no dia 10 o óleo sofreu reajuste de 8,87%. O aumento levou à demissão de José Mauro Ferreira Coelho da presidência da Petrobras, movimento do governo Jair Bolsonaro para tentar controlar os preços e não perder o apoio dos caminhoneiros, grupo que o ajudou a vencer a última eleição.

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Existe uma leitura no mercado de que os reajustes deveriam ser ainda maiores e mais frequentes, haja visto que o preço do diesel subiu no exterior, após a guerra na Ucrânia, e 30% do óleo é importado. Fora isso, o aumento na demanda pós-pandemia fez com que os preços subissem naturalmente no mundo inteiro, gerando inflação no mercado interno.

Com esse represamento na política de preços, a tendência é de que os postos comecem a lidar com a falta de óleo diesel nas bombas já nas próximas semanas, o que, aliado ao preço alto, vai inviabilizar muitos setores.

“A Índia está produzindo diesel com petróleo russo e exportando para a Ásia e Brasil. Porém, grande parte do diesel importado pelo Brasil, cerca de 80%, é fornecido pelos Estados Unidos, que estão mandando muito produto para a Europa. Há possibilidade real de faltar diesel no mercado brasileiro ou de o preço desse combustível explodir no país”, disse em nota o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.