As tensões continuavam neste sábado na Suécia entre os negociadores do governo iemenita e os da rebelião, reunidos para tentar retomar o diálogo para pôr fim a um conflito que já deixou milhões de civis à beira da fome, segundo as agências humanitárias.

O governo, apoiado pela Arábia Saudita sunita, e os rebeldes, apoiados pelo Irã xiita, estão se reunindo perto de Estocolmo para consultas mediadas pela ONU.

Embora funcionários da ONU ressaltem “o espírito positivo” com o qual essas negociações são celebradas, o tom continua hostil entre os dois lados.

Neste sábado, o governo acusou os rebeldes huthis de “não serem sérios” na busca de uma solução à guerra devastadora que acontece desde 2014.

“A experiência define as expectativas e por experiência diria que não, eles [os rebeldes] não são sérios”, declarou à imprensa Rana Ghanem, uma das integrantes da delegação iemenita.

“Nós somos sérios, demonstramos isso”, respondeu um representante huthi. “É a outra parte que não é séria”, acrescentou Abdulmalik al Hajji.

Em um comunicado, o mediador da ONU Martin Griffiths afirmou novamente a boa vontade das duas partes, embora a situação continue sendo “muito frágil” no terreno, e pediu “moderação” aos beligerantes.

Ghanem confirmou neste sábado que as delegações ainda não se reuniram diretamente, mas que se viram de maneira “informal” nos salões do centro de conferências onde acontecem as negociações.

Até agora, todas as tentativas de encerrar guerra que dura quatro anos fracassaram. E a situação humanitária no Iêmen, a pior do mundo segundo a ONU, se agrava a cada dia.

Entre os pontos a serem avaliados estão a catastrófica situação econômica do país, a aplicação de um acordo sobre a troca de prisioneiros concluído nesta semana, a reabertura do aeroporto da capital e o controle da cidade portuária de Hodeida (oeste) por onde transita a ajuda humanitária.

O governo exige em vão a retirada total dos rebeldes deste porto do mar Vermelho, que é o cenário de intensos combates. Eles são acusados de o usarem para importar armas.

O abandono de Hodeida “não está na ordem do dia”, disse nesta sexta-feira um negociador huthi.

Os rebeldes pedem a reabertura do aeroporto da capital Sanaa ao tráfego civil.