A polícia russa realizou nesta quinta-feira (12) dezenas de operações em todo país contra colaboradores do opositor Alexei Navalny, envolvido com o movimento de contestação eleitoral dos últimos meses em diversas cidades.

“É a maior operação policial na história da Rússia moderna”, afirmou Navalny em uma mensagem publicada em seu blog.

Ele acredita que a operação foi motivada pelo duro revés sofrido pelos partidos governistas nas eleições de domingo (8) para o Parlamento de Moscou: os candidatos do Kremlin perderam um terço das cadeiras.

O militante anticorrupção de 43 anos, cuja organização é visada por uma investigação por “lavagem de dinheiro”, informou que mais de 200 operações foram realizadas em 41 cidades do país onde trabalham suas equipes.

Leonid Volkov, braço direito do opositor, explicou que as operações tiveram como alvo “os apartamentos de coordenadores e os escritórios da organização, mas também as residências de colaboradores e voluntários”.

“Por que tanta histeria? Duas palavras: voto inteligente”, denunciou Navalny.

A polícia organizou operações, principalmente nas cidades de Nijni Novgorod, Vladivostok, Kazan, Ekaterimburgo, Novosibirsk e São Petersburgo.

De acordo com Volkov, as operações estão relacionadas com uma investigação por “lavagem de dinheiro” contra a organização de combate à corrupção criada por Navalny. O inquérito começou em agosto, quando Moscou era cenário de grandes manifestações contra a exclusão dos candidatos de oposição das eleições locais.

Em Ekaterimburgo, nos Urais, as imagens publicadas pelos meios de comunicação locais mostram policiais encapuzados, bloqueando o acesso à sede da organização do opositor.

No Twitter, Navalny afirmou que policiais também estavam presentes em frente aos escritórios da organização em Moscou.

Na semana passada, esses locais e o estúdio de gravação de sua equipe já haviam sido revistados por agentes da polícia.

Em Perm, ativistas afirmaram que as forças de segurança entraram pela janela no escritório da organização.

Especializado na observação das eleições na Rússia, o movimento independente Golos também anunciou nesta quinta-feira que foi alvo de duas operações policiais.

O jornal “The Bell” afirmou que as ações tinham o objetivo de evitar o desenvolvimento da organização de Navalny na província russa para evitar resultados ruins como os de domingo em Moscou.

Para os partidários do opositor, esta operação maciça é uma resposta ao movimento de protesto que abalou Moscou este verão, uma escalada sem precedentes desde 2012. Manifestações foram organizadas todos os fins de semana desde meados de julho para protestar contra a exclusão de candidatos da oposição à eleição do Parlamento de Moscou.

Todos os candidatos da equipe de Navalny foram excluídos da votação.

Neste contexto, Alexei Navalny pediu aos eleitores que “votassem com inteligência”, apoiando os candidatos mais bem colocados para derrotar os do Kremlin.

“Para a polícia, a única maneira de responder a manifestações em massa era realizar buscas em massa”, acrescentou Alexander Golovach, um dos advogados do Fundo de Luta contra a Corrupção, organização criada por Navalny.

Denunciando um “golpe maciço”, Kira Iarmych, porta-voz de Navalny, chamou a operação de “um ato de intimidação” e “roubo” para paralisar o trabalho de sua organização.

Ela também disse que as contas do escritório regional da equipe de Navalny foram congeladas.