Dezenas de pessoas ficaram feridas em confrontos ocorridos no sábado (14) à noite em Beirute, entre os mais violentos desde o início do movimento de contestação em outubro, com o uso pelas forças de segurança de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

A ministra do Interior, Raya el-Hassan, exigiu neste domingo (15) a abertura de uma investigação “rápida e transparente” para determinar as responsabilidades pela violência.

A dois dias de consultas parlamentares organizadas para tentar nomear um novo primeiro-ministro, dezenas de manifestantes se reuniram no sábado no centro da capital para denunciar a classe política como um todo e exigir um governo de tecnocratas e independente.

Os confrontos eclodiram quando os manifestantes tentaram passar por uma barreira policial que bloqueava o acesso a uma avenida que leva ao Parlamento.

A Cruz Vermelha libanesa transportou 15 feridos para hospitais e tratou 37 pessoas no local, segundo um balanço comunicado à AFP por um funcionário da organização, Rodney Eid.

A organização relatou desmaios, pessoas sofrendo de dificuldades respiratórias e outras atingidas por pedras. Os feridos eram civis, mas também membros das forças de segurança.

A Defesa Civil libanesa anunciou no Twitter que “transportou 36 feridos para hospitais”, enquanto 54 pessoas foram tratadas no local.

Um fotógrafo da AFP viu no sábado membros da segurança do Parlamento, vestidos com roupas civis, espancando manifestantes. A polícia de choque disparou balas de borracha e os manifestantes atiraram pedras.

Os manifestantes gritaram palavras de ordem contra o presidente do Parlamento Nabih Berri e contra o chefe do governo Saad Hariri.

O movimento de contestação no Líbano começou em 17 de outubro contra a classe dominante, considerada corrupta e incompetente.

A maioria das manifestações ocorreu de forma pacífica, mas, nas últimas semanas, os confrontos se multiplicaram.

Ao pedir uma investigação, a ministra do Interior evocou a presença de pessoas “infiltradas” e alertou os manifestantes contra “partidos” que tentariam “instrumentalizar” as manifestações para provocar um “confronto” com as forças da ordem.

Em sua conta no Twitter, Diala Haidar, que trabalha no Líbano para a Anistia Internacional, denunciou um “uso excessivo da força” pelas forças de segurança, referindo-se à presença de homens à paisana, alguns mascarados, atacando os manifestantes e os prendendo.

As forças de segurança anunciaram no início deste domingo no Twitter cerca de 20 feridos entre seus agentes, que tiveram que ser levados para hospitais, outros foram tratados no local.

Sob pressão das ruas, o primeiro-ministro Saad Hariri renunciou em 29 de outubro, mas seu governo continua a administrar os assuntos correntes.

Até agora, os principais partidos do país não chegaram a um consenso sobre um sucessor e a formação do novo gabinete poderia se arrastar, em um país à beira do colapso econômico.