Compartilhar, cooperar e convergir. Este C triplo resume as dez principais tendências da indústria da tecnologia para os próximos cinco anos (2019-2023). Isso inclui desde o aumento da utilização de gêmeos digitais até a computação quântica, passando pela imersão de um número cada vez maior de empresas e segmentos no blockchain. As dez tendências são reunidas e consolidadas a partir de pesquisas e insights colhidos nos Symposium/ITxpo, um dos principais eventos de TI no mundo. Ele está na 28a edição americana, 9a brasileira e há outras sete agendadas ainda em 2018, em todos os continentes. Nesta temporada, a palavra conexão assumiu o papel de hashtag protagonista. Só deu ela. “Conectar pessoas, conectar processos, conectar coisas”, diz David Cearley, vice-presidente da Gartner, consultoria global com 15 mil colaboradores em mais de 100 países e que está por trás do Symposium/ITexpo. Cearley é uma das maiores autoridades em tendências emergentes dentro da tecnologia da informação. Na seleção de Tendências 2019 entram aquelas que apresentam potencial disruptivo, mas que já começam a sair de utilização em nichos para ocupar espaços de impactos mais amplos e adoção em escala.

1 – Objetos autônomos
Há desde o uso de drones para assistência humanitária ou serviços de delivery até a contratação de robôs para o agronegócio ou empresas de segurança e vigilância. Eles cada vez mais farão tarefas tradicionalmente executadas por seres humanos. A sofisticação da Inteligência Artificial também fará com que a interação aconteça mais naturalmente em seus ambientes. E o passo mais disruptivo será a chamada atuação autônoma colaborativa. Exemplo: um drone emite alerta para que um grupo de robôs realize determinada atividade.

2 – Citizen data scientists
Responda rapidamente: a quantidade de dados disponíveis vai diminuir? Resposta: não! Logo, cientistas de dados têm volumes crescentes de informações para preparar, agrupar e analisar – e. deles, tirar conclusões. Explorar todas as possibilidades se torna quase impossível, levando empresas a perder percepções importantes para a condução dos negócios. Não é à toa que se prevê um boom dentro das corporações de todos os portes para o chamado citizen data scientist, pessoa que não tem a formação de um professional data scientist, mas sabe usar as ferramentas básicas de análise de dados. Até 2020, o número de citizen data scientist crescerá cinco vezes mais rápido que os cientistas de dados profissionais, prevê o Gartner.

3 – Ética e privacidade digital
Os consumidores têm uma consciência crescente do valor de seus dados pessoais e estão cada vez mais preocupados com
o modo como eles vêm sendo usados ​​por entidades públicas e privadas. Acrescente-se a isso o fato de que, por um lado, governos estão cada vez mais planejando ou aprovando regulamentações sobre o modo de agir das companhias e, por outro, as pessoas estão cada vez mais protegendo ou removendo informações privadas. Conversas sobre dados pessoais devem ser fundamentadas em ética e confiança e sair do estágio “Estamos em conformidade?” e chegar ao “Estamos fazendo a coisa certa?”. Para o consumidor, toda organização é uma persona, e dela se esperará um comportamento menos corporativo e mais humano.

4 – Gêmeos digitais
Um gêmeo digital é uma representação que espelha um objeto, processo ou sistema da vida real. A ideia nem é nova. Ela remete, por exemplo, a perfis online de clientes. Mas os gêmeos de hoje são diferentes de quatro maneiras: a) pela robustez dos modelos, com foco em resultados específicos dentro dos negócios; b) pelo link para o mundo real, em tempo real; c) pela aplicação de análises avançadas de big data e inteligência artificial para impulsionar novas oportunidades; d) pela capacidade de interação e avaliação dos chamados cenários what if (e se…). Vão ser usados desde simuladores de comportamento de consumo na prospecção de mercados até testes qualitativos de protótipos. Para quem assistiu à trilogia O Poderoso Chefão, seria o Consigliere.

5 – Borda potencializada
A computação de borda (edge computing) é uma topologia em que o processamento de informações e a coleta e a entrega de conteúdo são colocados o mais perto possível dos dispositivos e aplicativos, com a ideia de que manter o tráfego local reduzirá a latência. Pense num servidor. Pense na nuvem. E agora pense em algo junto a um app em seu smatphone. Isso irá melhorar substancialmente a performance de produtos e serviços. “A tecnologia vai se transformar a um ponto em que conectará pessoas com centenas de dispositivos”, diz Cearley, do Gartner.

6 – Tecnologias imersivas
Até 2022, 70% das empresas estarão experimentando tecnologias imersivas com consumidores ou negócios B2B, e 25% terão adotado essas ferramentas em suas linhas de produção. O futuro das plataformas de conversação irá ter canais sensoriais expandidos que permitirão, por exemplo, detectar emoções com base em expressões faciais. Tradução: não mais se venderá um iogurte como se vende até hoje. Será um mix de ambientes de interação que mudam conforme os usuários se conectam com o mundo, com tecnologias como realidade aumentada (AR), realidade mista (MR) e realidade virtual (VR). Todas elas mudam a forma como os usuários percebem o mundo.

7 – Blockchain
Pense num livro-caixa de registros criptograficamente assinados e ​​compartilhados por todos os participantes de uma rede. Isso é o blockchain, que nasceu com o bitcoin. Seu uso hoje está muito, muito mesmo, além das moedas virtuais. Por um motivo simples: ele traz segurança e transparência, ou seja, a essência de qualquer relação comercial. A tecnologia permite que empresas gerenciem acordos com terceiros ​​sem a necessidade de uma parte centralizada (a instituição bancária, por exemplo). Não à toa que o primeiro mergulho em blockchain, após seu surgimento no universo das moedas virtuais, foi o de instituições financeiras. Mas sua utilização já se expande para governos, áreas da saúde, manufatura e cadeia de suprimentos. A ferramenta permite reduzir custos, tempos de liquidação de contratos e melhorar o fluxo de caixa. Estima-se que irá gerar US$ 3,1 trilhões em valor de negócio até 2030.

8 – Espaços inteligentes
Trata-se de um ambiente físico ou digital em que as pessoas e os sistemas interagem. À medida que a tecnologia se torna parte mais integrada à vida diária, e mais barata, esses espaços entrarão em um período de crescimento acelerado. O melhor exemplo são as chamadas cidades inteligentes, em que áreas que combinam negócios, residências e indústrias são projetadas com todos os setores focados na colaboração social e comunitária. Sensores produzidos em massa custam hoje menos de US$ 1, banda larga de alta velocidade e computação em nuvem estão igualmente baratas. Tudo isso significa que uma cidade pode coletar e analisar grandes quantidades de dados em tempo real e facilitar a vida de seus moradores: desde cobrar de forma individualizada pelo lixo até a gestão de semáforos ativados por wifi.

9 – Desenvolvimento orientado por IA
Tendência que evolui em três dimensões:
1) Os recursos usados para criar soluções a partir de inteligência artificial (IA) estão se expandindo das que eram voltadas exclusivamente aos cientistas de dados para ferramentas direcionadas a toda comunidade de desenvolvedores. Em resumo, haverá mais profissionais — e não apenas especialistas –, atuando com IA.
2) Derivada da primeira: com mais gente atuando no campo de análises ampliadas o processo de criação será acelerado. Entre outros resultados, haverá um boom sem precedentes dentro das áreas de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) das empresas.
3) Ferramentas contempladas de inteligência artificial têm saído de funções assistenciais para o papel de protagonistas, algo como se o trainee fosse promovido a gerente.

10 – Computação quântica
A diferença entre computadores tradicionais e quânticos pode ser entendida ao se imaginar uma gigantesca biblioteca. Enquanto um computador clássico leria os livros de forma linear, o quântico leria todos os exemplares simultaneamente. São máquinas capazes de trabalhar, teoricamente, em milhões de cálculos de uma só vez. Esse modelo de computação, na forma de um serviço comercialmente disponível, acessível e confiável, transformará algumas indústrias. Um bom caso será a aplicação em medicina prsonalizada. A chance de o doutor errar a dosagem vai desabar.