Dez pessoas morreram nesta quarta-feira em ataques aéreos em Mekele, capital da região rebelde etíope de Tigré, informaram fontes médicas à AFP.

Dois ataques de drones atingiram durante a madrugada uma zona residencial e deixaram 10 mortos, informou Kibrom Gebreselassie, diretor do hospital Ayder Referral.

“Três pessoas precisaram de cirurgias de emergência”, disse Gebreselassie.

Os bombardeios aconteceram pouco depois do anúncio de que as autoridades rebeldes de Tigré apresentaram a proposta de um cessar-fogo e de negociações de paz para acabar com quase dois anos de guerra contra o exército etíope.

Os ataques atingiram um bairro residencial de Mekele e “mataram e feriram civis inocentes”, afirmou o porta-voz da Frente de Libertação do Povo de Tigré (TPLF), Getachew Reda.

Na terça-feira, os rebeldes acusaram as forças federais etíopes por um bombardeio com um drone contra a Universidade de Mekele, um ataque que deixou feridos e provocou danos aos edifícios do centro de ensino.

A AFP não conseguiu confirmar as informações com fontes independentes, pois o acesso a Tigré é muito limitado e a comunicação com a região é muito difícil.

O governo etíope do primeiro-ministro Abiy Ahmed não respondeu às acusações.

A capital de Tigré foi alvo de vários ataques aéreos desde a retomada dos combates em 24 de agosto no norte da Etiópia, que acabaram com cinco meses de trégua.

Os dois lados trocam acusações sobre a responsabilidade na retomada das hostilidades.

No domingo, as autoridades de Tigré se declararam dispostas a um “processo de paz robusto com a mediação da União Africana”, algo que haviam descartado até agora.

As autoridades federais, que sempre defenderam a mediação da União Africana, não apresentaram resposta à proposta.

O conflito explodiu em novembro de 2020, quando Abiy Ahmed enviou as tropas a Tigré para derrubar as autoridades dissidentes da região, acusadas de atacar bases militares.

Inicialmente derrotadas, as forças rebeldes retomaram o controle de grande parte da região durante 2021.