Pelo menos dez militares do Exército foram presos em flagrante pelo envolvimento no fuzilamento do carro de uma família em Guadalupe, bairro da zona norte do Rio, no domingo, 7. O músico Evaldo Rosa dos Santos, de 51 anos, morreu depois que o carro que conduzia ter sido alvejado por mais de 80 tiros.

O músico levava a família para um chá de bebê no momento em que foi atingido por três disparos. O sogro de Evaldo também ficou ferido, mas se recupera bem. Outras três pessoas estavam dentro do carro.

Em nota, o Comando Militar do Leste (CML) disse que ouviu o depoimento de 12 militares, dos quais dez foram presos em flagrante. Ainda segundo o CML, as prisões ocorreram “em virtude do descumprimento de regras de engajamento”. Uma testemunha civil não identificada também teria sido ouvida pelos militares. Também ouviu os depoimentos um representante do Ministério Público Militar – órgão que está acompanhando as investigações.

“O promotor de Justiça Militar Fernando Hugo Miranda Teles, da Procuradoria de Justiça Militar no Rio de Janeiro, está em contato permanente com o general de Divisão Antonio Manoel de Barros, comandante da 1ª Divisão de Exército, unidade militar responsável pela apuração dos fatos”, informou o MPM em nota.

“A perícia do local foi feita ontem pela Delegacia de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Também já foram ouvidos os militares envolvidos, assim como algumas testemunhas civis. O Inquérito Policial Militar foi instaurado, está em curso e, tão logo o fato seja elucidado, o MPM fará a sua manifestação.”

A deputada estadual Renata Souza (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), afirmou que pretende entrar no Ministério Público Federal com uma representação pedindo à instituição que investigue a morte de Evaldo.

A deputada lembrou que na sexta-feira, 5, Christian Felipe Santana de Almeida Alves, de 19 anos, foi morto por militares do Exército durante blitz na Estrada Pedro de Alcântara, em Realengo, na zona oeste do Rio. Ele estava na garupa da moto pilotada por um amigo de 17 anos. O Comando Militar do Leste informou, na ocasião, que os jovens não obedeceram à ordem de parada e furaram o bloqueio. A família contesta a versão.